Sob gritos de "morte aos EUA" e pedidos de vingança imediata, uma multidão com dezenas de milhares de pessoas se reuniu neste sábado (4) em Bagdá para uma manifestação em homenagem ao general iraniano Qassim Suleimani e à líderes de milícias locais mortos na sexta (3).

Em marcha pelas ruas da capital iraquiana, os manifestantes carregaram os caixões em um trajeto feito com segurança redobrada. As vítimas foram mortas em um ataque a míssil ordenado por Washington contra um aeroporto de Bagdá, em uma ação que desencadeou uma crise na região.

Os temores de um novo conflito global aumentaram ainda mais após Gholamali Abuhamzeh, um dos comandantes da Guarda Revolucionária do Irã, ameaçar realizar um ataque contra o estreito de Hormuz, região por onde passa parte da produção mundial de petróleo.

"É um ponto vital para o Ocidente, um grande número de embarcações e navios de guerra americanos passam por lá", disse, acrescentando que Tel Aviv, em Israel, também é um alvo que está ao alcance do Irã.


Além de Suleimani, principal comandante militar do Irã e responsável por liderar as articulações secretas do país no Oriente Médio, também foi atingido no bombardeio Abu Mehdi Al Muhandis, líder de uma milícia iraquiana pró-Teerã, entre outros.

Desde o anúncio das mortes, milhares de pessoas têm realizado protestos em vários países da região, mas a manifestação deste sábado é a maior até agora, com presença da elite política iraquiana.

O primeiro-ministro do país, Adel Abdel Mahdi participou da marcha, assim como Hadi Al Ameri, chefe das forças pró-iranianas no parlamento iraquiano, o ex-remiê Nuri Al Maliki, além de chefes de facções xiitas. Todos eles condenaram o ataque americano e acusaram Washington de violar a soberania iraquiana.

Os corpos dos iraquianos mortos serão transferidos para Kerbala e Najaf, duas cidades sagradas xiitas ao sul da capital. Já o corpo de Suleimani será transferido para o Irã, onde ele será sepultado na terça-feira (7), após três dias de homenagens, em sua cidade natal, Kerman.

Pouco antes da manifestação, um outro ataque aconteceu na região norte de Bagdá, contra um comboio da Hashd Al Shaabi, uma coalizão paramilitar pró-Irã que integra as forças de segurança do Iraque.

A milícia disse que há mortos e feridos e acusou os Estados Unidos pelo ataque. O país ainda não respondeu. Na sexta, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu "vingança implacável" e anunciou os três dias de luto nacional.


Também neste sábado, o ministro das Relações Exteriores da China disse que os EUA deveriam parar de abusar do uso da força e procurar soluções com o diálogo, em uma conversa com com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif.

Nos EUA, riscos de ataques levaram o chefe de segurança cibernética do Departamento de Segurança Interna a fazer um alerta público sobre a possível invasões a sistemas e computadores.

Além disso, várias cidades americanas anunciaram reforço na segurança por temerem ataques, incluindo Nova York, Washington e Los Angeles.

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