Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou para militância em seu primeiro discurso após deixar a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, nesta sexta-feira (8). O ex-presidente agradeceu as pessoas que trabalharam em sua defesa e que acamparam na vigília nos arredores do prédio da PF. “Vocês não tem dimensão do significado de eu estar aqui junto com vocês. Não pensei que no dia de hoje eu poderia estar aqui conversando com homens e mulheres que durante 580 dias se dedicaram a falar ‘bom dia, Lula’, ‘boa tarde, Lula’. Todo dia vocês eram o alimento da democracia que eu precisava para resistir”, falou o petista.
Entre os agradecimentos, Lula também não deixou o discurso político de lado. O ex-presidente criticou o atual governo e culpabilizou o que chamou de “lado podre da sociedade brasileira” pela sua prisão. “Um lado podre da Justiça, um lado podre do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal tentaram criminalizar a esquerda, criminalizar o PT”, criticou o presidente ao também dirigir ataques ao ex-juiz Sergio Moro e o chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol. "Se baterem o Moro e o Dallagnol juntos não se consegue 10% da minha honestidade", argumentou.
Liberdade
Desde o início da tarde de hoje apoiadores do ex-presidente se reúnem na frente do prédio da PF aguardando a decisão de soltura e a saída de Lula. onde estava preso desde o dia 7 de abril de 2018. Nesta sexta-feira (8), o juiz Danilo Pereira Junior, substituto da 12ª Vara de Execuções Penais, emitiu decisão que determinava soltura do petista.
A decisão se deu após pedido da defesa de Lula nesta sexta, um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) votar e decidir por derrubar a prisão de condenados em segunda instância. Os ministros do Supremo decidiram na quinta-feira (7), por 6 votos a 5 que, segundo a Constituição, ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado, fase em que não cabe mais recurso, e que a execução provisória da pena fere o princípio da presunção de inocência.
O ex-presidente foi condenado em duas instâncias no caso do triplex em Guarujá, em São Paulo, e ainda aguarda julgamento de recursos em cortes superiores. Ele cumpre pena de oito anos, 10 meses e 20 dias. O ex-presidente nega as acusações e diz ser inocente.