O Brasil registra uma queda de 22% nas mortes violentas no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2018. A região Nordeste é a que tem a maior diminuição. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo G1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.
Em seis meses, houve 21.289 assassinatos, contra 27.371 no mesmo período do ano passado. São 6 mil a menos.
O Nordeste responde por mais da metade dessa queda (3.244 mortes a menos), ou seja, 53% do total no país.
A tendência de queda nos homicídios foi antecipada pelo G1 no balanço dos dois primeiros meses do ano, que apresentaram redução de 25% em relação ao mesmo período do ano passado, e no balanço das mortes violentas de 2018, que teve a maior queda dos últimos 11 anos da série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com 13%.
O número de assassinatos, porém, continua alto. O dado mostra que há uma morte violenta a cada 12 minutos no Brasil – 118 por dia, em média.
O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os dados apontam que:
✓ houve 6.082 mortes a menos nos primeiros seis meses de 2019
✓ todos os estados apresentaram redução de assassinatos no período
✓ três estados tiveram quedas superiores a 30%: Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará
✓ o Ceará, aliás, respondeu sozinho por 1/5 da queda nas mortes no Brasil
✓ a queda no Nordeste foi a maior entre as regiões do país: 27%
Pouco antes do fim do semestre, nos cenários de segurança pública de três estados: Acre, Ceará e Rio Grande do Norte. Integrantes e ex-integrantes dos governos e entidades foram consultados para levantar as principais medidas tomadas nos estados que podem ter resultado na queda da violência. A GloboNews também entrevistou autoridades e especialistas.
Entre as medidas adotadas estão:
✓ Ações mais rígidas em prisões, como constantes operações de revistas e implantação do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)
✓ isolamento ou transferência de chefes de grupos criminosos para presídios de segurança máxima
✓ criação de secretaria exclusiva para lidar com a administração penitenciária
✓ criação de delegacia voltada para investigar casos de homicídios
✓ integração entre as forças de segurança e justiça
✓ maior investimento em inteligência policial
✓ adoção de programas de prevenção social
Sergio Moro: Ações dos governos, transferência de chefes de facções e apreensão recorde de drogas.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, atribuiu a queda no número de mortes violentas no país a esforços de governos locais e do governo federal, citando recordes de apreensão de drogas e transferência de chefes de facções criminosas para presídios federais como medidas que surtiram efeitos nos índices de criminalidade. Moro também afirmou que o governo está com uma política de tentar retomar o controle de vários presídios do país.
“Apesar da redução, vamos reconhecer: os números ainda são altos. Precisamos melhorar muito mais”, afirmou Moro, em entrevista exclusiva à GloboNews.
“O mérito é também do governo federal porque assistimos basicamente a uma redução da criminalidade em todo o país, o que nos leva a crer que existe uma causa nacional para a redução da criminalidade. Entre elas, recordes de apreensão de drogas, especialmente cocaína pela Polícia Federal, pela Polícia Rodoviária Federal, e o incremento da política de transferência e isolamento das lideranças criminosas.”
Ceará
Os números do Ceará são os que mais impressionam. Houve uma queda de 53% nos assassinatos, se comparado o 1º semestre deste ano com o do ano passado. Isso representa uma diminuição de 1.254 mortes – 1/5 do total de assassinatos a menos no Brasil.
Em 2017, uma guerra entre facções levou o Ceará a ter um ano com recorde de violência, com 5.133 homicídios. O cenário levou o estado a adotar medidas mais rígidas contra os criminosos, especialmente dentro dos presídios, de onde partem as ordens para muitos dos homicídios.
Em 2019, uma pasta exclusiva para atuar nos presídios foi criada. A posse ocorreu em 1º de janeiro deste ano, e o secretário da Administração Penitenciária recém-empossado, Mauro Albuquerque, prometeu acabar com a divisão de facções por presídios e tornar mais rigoroso o controle de celulares nas unidades prisionais. Como represália, os mesmos grupos criminosos que cometiam homicídios entre si se uniram para realizar uma série de ataques no estado.
“Fizemos este enfrentamento em 2019, mostrando que quem manda é o estado, mantendo a ordem nas unidades prisionais. Eu não tenho dúvida que isso teve um efeito muito forte, e nós sabíamos que isso ia acontecer nas ruas depois”, afirma o governador Camilo Santana.
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