O procurador e coordenador da Lava Jato no MP-PR (Ministério Público do Paraná), Deltan Dallagnol, rejeitou 1 convite para receber 1 prêmio à operação Lava Jato em 2016 pelo evento contar com a participação de Jair Bolsonaro e “outros radicais de direita”, segundo mensagens da Vaza Jato. Os novos diálogos foram divulgados em reportagem do portal UOL publicada nesta 4ª feira (14.ago.2019), em parceria com o site The Intercept Brasil.
Tratava-se do prêmio “Liberdade 2016”, concedido durante o Fórum Liberdade e Democracia daquele ano. O evento foi organizado pelo Instituto de Formação de Líderes de São Paulo.
Inicialmente, Deltan afirmou em 1 grupo com procuradores da operação intitulado Filhos do Januário 1 que iria ao evento para receber a premiação.
“Vou receber porque me parece positivo para a LJ [Lava Jato], mas vou pedir para ressaltarem de algum modo, preferencialmente oifical [oficial], que entregam a mim como símbolo do trabalho da equipe”, disse (O Poder360 optou por manter as mensagens com a grafia como foram escritas, sem eventuais correções de ortografia ou gramaticais).
Com a aproximação da cerimônia, 1 assessor não identificado recomendou que Deltan não participasse do evento. “Tudo o que vc e a FT [força-tarefa] não precisam é serem ‘associados’ ao Bolsonaro. é a mesma coisa que receber prêmio do Foro de BSB. estou quase implorando…”, escreveu em conversa privada com o procurador. De acordo com os diálogos, Deltan ligou para o assessor para tratar sobre o tema.
Minutos depois, na madrugada de 20 de outubro de 2016, Deltan enviou uma mensagem ao grupo Filhos de Januário 1, informando que não participaria mais da premiação.
“Caros, apenas FYI [para seu conhecimento], estou cancelando a ida para o premio à FT em SP por revisão da recomendação da ASCOM [assessoria de comunicação] após sair a programação do evento, que tem perfil mto de direita, com Jair Bolsonaro como um dos vários palestrantes e com homenagem a um vereador de SP [Fernando Holiday] que foi um dos líderes do impeachment [de Dilma Rousseff em 2016]. Indicarei Roberto Livianu (que entregarai o prêmio) ou Thamea como representantes da FT para receber o prêmio”, disse.
O que diz a Lava Jato
Ao portal, a assessoria da operação afirmou que evita a “participação direta de seus membros em eventos que possam gerar, ainda que indevidamente, a vinculação do trabalho técnico feito na Lava Jato a bandeiras ideológicas e político-partidárias”. E que, no caso do evento citado, “a força-tarefa se fez representar por um promotor de justiça de São Paulo, que ali reside e compareceu com o restrito objetivo de receber o prêmio em nome da força-tarefa”.
Vaza Jato
Sergio Moro e Deltan Dallagnol tiveram o conteúdo de conversas atribuídas a eles e procuradores da Lava Jato divulgadas pelo site The Intercept em uma série de reportagens no caso que ficou conhecido como Vaza Jato. Os 2 contestam a autenticidade das mensagens, mas não indicam os trechos que seriam verdadeiros e os que seriam falsos.