A Polícia Civil do Pará vai indiciar 22 presos pela morte de outros quatro detentos por asfixia dentro do caminhão-cela que levava o grupo do Centro de Recuperação Regional de Altamira (PA) – palco de um massacre na segunda-feira 29 que deixou 58 mortos – para outros presídios. As mortes foram provocadas por estrangulamento. Além das vítimas, havia 26 detentos no veículo, mas, de acordo com a polícia, não há elementos que comprovem a participação de quatro deles.

Os 22 presos foram autuados em flagrante por associação criminosa e homicídio. Nenhum deles assumiu a autoria dos crimes, mas a Polícia Civil diz que existem elementos indicando que todos participaram ativamente das mortes ou se omitiram. O inquérito será agora apresentado à Justiça de Marabá e ao Ministério Público do Pará, ao qual cabe verificar se há provas suficientes para indiciar todo o grupo.

Na quarta-feira 31, o delegado-geral Alberto Teixeira já havia antecipado a informação de que os investigadores tinham informações sobre o envolvimento direto de nove presos nas mortes. Segundo ele, os quatro foram encontrados com as algemas plásticas usadas no transporte. Tanto os mortos quanto os suspeitos possuem marcas e arranhões, o que indica luta corporal, e por isso deverão ser feitos exames de DNA para confirmar quem cometeu os crimes. Um laudo do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, do Pará, atestou que os presos foram mortos por asfixia mecânica. A informação foi divulgada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (Segup), à qual o centro está vinculado.

Pane nas câmeras

Em nota, a pasta informou que a perícia também demonstrou que, devido ao isolamento da parte interna do veículo, não é possível aos agentes, da cabine, escutar o que acontece no interior do baú. Ainda de acordo com a secretaria, como o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, proíbe que funcionários prisionais viajem junto com os detentos, os presos estavam sendo monitorados por um sistema de quatro câmeras acompanhadas em tempo real a partir da boleia do veículo.

Segundo a Segup, no entanto, houve uma falha na transmissão do sinal das câmeras quando o veículo passava por um trecho de estrada não asfaltada, entre os municípios de Novo Repartimento e Marabá, possivelmente no momento em que os quatro presos mortos foram atacados. A secretaria informou que os 30 detentos que estavam no caminhão pertencem a uma mesma facção criminosa, já compartilhavam celas e participaram da chacina. Durante o transporte, eles estavam algemados, divididos em quatro celas que, juntas, tinham capacidade para até 40 pessoas. O estado não tem caminhão com celas individuais.

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