Após pressão do setor cultural, o presidente Jair Bolsonaro admitiu, nesta sexta-feira (2), que pode recuar da decisão de extinguir a Agência Nacional de Cinema (Ancine). Segundo a Folha de S. Paulo, em entrevista à imprensa ele disse que o tema está sendo estudado pelo Ministério da Cidadania, mas que não descarta mudar de ideia.
Segundo a publicação, Bolsonaro afirmou que o ministro Osmar Terra apresentou o esboço de um projeto de restruturação da agência, que adotaria o mecanismo da Lei Rouanet para fomento de produções nacionais. "Se recuar, recuo. Quantas vezes vocês falam que eu recuei? Tem a questão do audiovisual que emprega muita gente, tem de ver por esse lado", declarou Bolsonaro, revelando ainda que o governo tem reavaliado a composição do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), cuja dotação para este ano é de R$ 724 milhões.
"Eu conversei com o ministro Paulo Guedes [da Economia] de redirecionar. Se for para extinguir imposto, extingue. Acho que o Estado teria muito mais inteligência para dar uma nova direção", disse o presidente sobre o fundo, que é formado por receitas de concessões e permissões, além da arrecadação do Condecine, tributo pago pela exploração comercial de obras audiovisuais.
Durante a entrevista, Bolsonaro voltou a criticar o filme “Bruna Surfistinha”. "Não é apenas a Bruna Surfistinha. Se fosse [produzido] 40 anos atrás, eu estava vendo o filme. Mas hoje não vou ver, não, fica tranquilo. O que não pode é dinheiro público para esse tipo de filme", afirmou o presidente, alegando que sua posição não representa censura, mas a defesa de limites para o investimento com verbas públicas. "Não é censura. Não estou falando que vou censurar isso ou aquilo. Não tenho poder para isso. Mas com dinheiro público, não", disse.