Um quinto das grandes cidades do mundo enfrentará condições climáticas "desconhecidas" até 2050, disseram pesquisadores nessa quarta-feira (10), já que as temperaturas em elevação aumentam os riscos de secas e inundações.
Cientistas de clima do Crowther Lab, grupo de pesquisa da ETH Zurich, uma universidade de ciência e tecnologia, analisaram 520 cidades, incluindo todas as capitais e a maioria dos centros urbanos com população de mais de 1 milhão de habitantes.
Considerando as condições climáticas atuais dessas cidades -- inclusive dados sazonais e de precipitação --, os cientistas projetaram o que acontecerá se as temperaturas subirem mais meio grau, aproximando-se do piso da meta de 1,5º Celsius estabelecida no Acordo de Paris de 2015.
O relatório mostrou que 22% das cidades terão condições climáticas inéditas até 2050, como estações de seca e de monções mais intensas, disse Jean Francis-Bastin, o principal autor do estudo. "É uma mudança de condições climáticas que provavelmente aumentará o risco de inundações e secas extremas", disse ele à Thomson Reuters Foundation. "São condições desconhecidas."
Para a Organização das Nações Unidas (ONU), quase 70% da população mundial deverão estar morando em áreas urbanas até 2050.
Mas muitas cidades, especialmente em nações mais pobres, enfrentam desafios consideráveis, como populações grandes e crescentes em favelas que carecem de serviços básicos e correm risco cada vez maior de desastres climáticos.
Conforme o Acordo de Paris, que foi ratificado por mais de 200 países, governos prometeram manter o aquecimento global "bem abaixo" dos 2ºC e buscar um limite menor de 1,5ºC. Limitar a elevação das temperaturas globais a 1,5ºC evitaria perdas econômicas de US$ 12 trilhões até 2050, ainda de acordo com a ONU.
Cientistas do Crowther Lab afirmaram que o estudo, publicado no periódico científico Plos One, foi a primeira análise global das alterações prováveis nas condições climáticas de grandes cidades resultantes do aquecimento global.
A pesquisa revelou que 77% das cidades analisadas testemunharão uma mudança notável nas condições climáticas até 2050.
Cidades de regiões tropicais, que provavelmente sofrerão os impactos mais fortes da mudança do clima, terão alterações menores na temperatura média, mostra o estudo.