Perto de nascer, o Aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, passa por uma disputa de paternidade. De um lado, o governo federal e seus apoiadores reivindicam os louros pela obra usando como argumento R$ 74 milhões investidos pela União do total de R$ 105,8 milhões empregados. Do outro lado, a gestão do governador Rui Costa sustenta que foi o responsável por 100% da execução do aeroporto. Nesta quarta-feira (17) o governo do estado disponibilizou um vídeo em que cutuca a União. “Quando o filho é bonito, qualquer pai quer assumir”, diz o vídeo institucional. Um relatório de acompanhamento, entretanto, aponta que a história do Glauber Rocha envolve mais personagens e outros capítulos.
Dados disponibilizados pela Secretaria de Aviação Civil (SAC) mostram que a União teria sido responsável pela verba de construção da pista de pouso do terminal (R$ 45,9 milhões) e pelo convênio responsável pelo Terminal de Passageiros (R$ 28,6 milhões). Juntos, os investimentos somam a verba de R$ 74 milhões.
Já o governo do estado, de acordo com um relatório da Diretoria de Terminais e Aeroportos (DTE), empenhou R$ 31 milhões em contrapartidas de convênios (aproximadamente R$ 5,3 milhões), desapropriações (R$ 2,8 milhões), planos e projetos (R$ 4,9 milhões), obras e serviços complementares (R$ 5,3 milhões), reajuste de contratos (R$ 11 milhões) e contratos de serviço de apoio (R$ 1,5 milhão).
A gestão de Rui Costa também alega que equipou os arredores do aeroporto com estradas e obras complementares. O governo federal rebate o argumento e afirma que o investimento feito fora do convênio entre as esferas para a construção de estradas, por exemplo, não pode ser mensurado. Com Rui e Bolsonaro como oposição, nenhuma das duas esferas dá o braço a torcer e continuam na disputa pela titularidade do novo aeroporto.
Históricos de investimentos
Apesar da disputa que deve prosseguir até a inauguração do aeroporto na próxima terça-feira (23) com as presenças de Rui e do presidente Jair Bolsonaro (PSL), outros atores políticos participaram da construção do Glauber Rocha.
Em 2011, por exemplo, a bancada da Bahia conseguiu aprovar no Orçamento da União para o ano seguinte uma emenda apresentada pelo então senador ACM Jr no valor de R$ 39,6 milhões para tentar viabilizar a construção do novo aeroporto.
Pelo menos R$ 20 milhões da emenda chegaram a ser empenhados para a obra, mas o pagamento foi cancelado pela ex-presidente Dilma Rousseff, sob alegação de falta de dotação orçamentária.
Por Rodrigo Daniel Silva / Lucas Arraz