O ministro Gilmar Mendes do STF (Supremo Tribunal Federal) comentou as conversas entre o ex-juiz federal e atual ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal) no Paraná, procurador Deltan Dallangol.
Em entrevista à revista Época, Gilmar Mendes avaliou que a troca de mensagens pode anular a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex no Guarujá (SP).
“Eu acho, por exemplo, que, na condenação do Lula, eles anularam a condenação”, avaliou Mendes, identificando que o conteúdo revelado mostra que houve interferência de Moro e Dallagnol no andamento da Lava Jato.
No domingo (9.jun.2019), o site The Intercept divulgou uma série de reportagens que mostram uma troca de mensagens entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, sobre a operação. Eles alegam terem sido vítimas de uma ação hacker. A Polícia Federal investiga.
Nas conversas, Moro orienta ações e cobra novas operações dos procuradores. De acordo com o portal, as mensagens foram repassadas por uma fonte anônima.
De acordo com a Época, o ministro do Supremo também viu prática criminosa nas conversas vazadas. Em 1 trecho das conversas divulgadas pelo Intercept, Dallagnol disse que faria uma intimação na Lava Jato com base em “notícia apócrifa”, ao que Moro respondeu: “melhor formalizar então”.
“Um diz que, para levar uma pessoa para depor, eles iriam simular uma denúncia anônima. Aí o Moro diz: ‘Formaliza isso’. Isso é crime”, analisou Mendes.
Ainda segundo a reportagem, Gilmar Mendes também criticou o tom dos diálogos nas conversas.
“O chefe da Lava Jato não era ninguém mais, ninguém menos do que Moro. O Dallagnol, está provado, é 1 bobinho. É 1 bobinho. Quem operava a Lava Jato era o Moro”, comentou.
Repercussão
As declarações de Gilmar Mendes à Época repercutiram entre congressistas. O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) compartilhou a reportagem em sua conta no Twitter, chamando o ministro do STF de “malandrinho”.
O deputado Jorge Solla (PT-BA) disse que “se é consenso que houve crimes, não já tá na hora do STF pedir à PGR a abertura de inquérito, como já fez antes?”.
Os deputados Beto Faro (PT-PA) e Airton Faleiro (PT-PA) compartilharam a reportagem da revista Época, acrescentando a hashtag “MoroTraidorDaPatria”.