Em audiência na comissão especial da reforma da Previdência, o ministro Paulo Guedes (Economia) ressaltou que, por causa da crise nas contas públicas, estados, inclusive da oposição, estão ficando sem recursos para pagar salários e aposentadorias. Segundo o ministro, a reforma é para garantir esses pagamentos.

Em tom voz mais elevado, ele atacou os altos valores de aposentadoria de servidores do Congresso apontando para funcionários da Câmara que estão na sala.

Alertar para as dificuldades financeiras de governadores de oposição é uma estratégia da equipe econômica para convencer deputados a apoiarem as mudanças nas regras de aposentadorias e pensões e manterem os efeitos das medidas também para estados e municípios.

Cresce no Congresso o desejo de que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência não crie regras para servidores estaduais e municipais.

Deputados querem que os governadores e prefeitos que fazem campanha contra a proposta tenham o desgaste político de aprovar medidas impopulares nos respectivos órgãos legislativos.

"Há estados, mesmo da oposição, que estão sem pagar, atrasando pagamentos para fornecedores, atrasando em salários e começando a atrasar também pagamentos da Previdência", afirmou Guedes, diante da comissão, composta por deputados de partidos aliados ao presidente Bolsonaro, independentes ao governo e de oposição.

Para o ministro, isso é uma ameaça que pode "engolir o Brasil e precisa ser atacada frontalmente". "Se não fizermos nada, não há garantia de que os pagamentos poderão ser feitos como vários estados estão experimentando", completou Guedes.

Aos deputados, ele repetiu que a reforma da Previdência visa retirar privilégios. Como exemplo, ele citou que um servidor do Legislativo se aposenta, em média, com R$ 28 mil por mês, enquanto a média de aposentadoria no setor privado é de R$ 1,4 mil.

"Isso não é razoável", disse o ministro, destacando o alto valor de quem faz parte do processo legislativo.

Na primeira parte da audiência pública, Guedes tinha 20 minutos para explicar a reforma da Previdência e tentar diminuir as resistências de deputados em relação ao tema. O ministro, contudo, não usou os cinco minutos finais.

Ele repetiu números apresentados à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeira fase da tramitação da PEC, e reforçou que o Congresso tem o poder de decisão ao analisar a proposta de reforma apresentada por Bolsonaro.

Guedes chegou acompanhado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos maiores fiadores das mudanças nas regras de aposentadorias.

O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) também compareceu à sessão da comissão especial da reforma.

Por Thiago Resende | Folhapress

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