Com o corte do imposto sindical e publicação, em março, da medida provisória 873, que dificulta a arrecadação dos sindicatos, as principais centrais no Nordeste resolveram encolher os grandes eventos que marcam historicamente o Dia do Trabalho.
Em Salvador, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) fez uma vaquinha na tentativa de juntar R$ 15 mil para bancar minimamente os custos da manifestação. Em anos anteriores, havia megashows com artistas consagrados. "Tínhamos um palco de oito metros de frente por seis de fundo. Neste ano, vamos colocar apenas um trio elétrico no Farol da Barra", explica o presidente da CUT na Bahia, Cedro Silva.
Para economizar, a central resolveu realizar um ato cultural com os sindicalizados que cantam ou atuam em teatro. "Antes, investíamos R$ 60 mil no 1º de Maio. Neste ano, se chegar a R$ 15 mil é muito", alega.
Todo o material de divulgação e comunicação visual, a exemplo de balões e faixas, foi cortado. "Desde quando suspenderam o imposto sindical, entramos nessa crise. Nessa decadência de luta", diz.
O presidente da Força Sindical na Bahia, Emerson Gomes, destacou que conseguiu o apoio de algumas prefeituras. "Vamos fazer unificado em Salvador. A Força Sindical faz uma celebração isolada em Ilhéus. Conseguimos uma melhor estrutura com o apoio do governo municipal", declara.
Emerson diz que, diferente de Salvador, em Ilhéus, haverá disponibilização de serviços sociais, corte de cabelo, atendimento jurídico, retirada de documentos, prêmios e shows. No Ceará, englobando os eventos em várias cidades, a Força Sindical chegava a gastar em média R$ 1,5 milhão.
Raimundo Nonato Gomes, presidente da Força Sindical cearense, diz que neste ano não terá estrutura para realização do ato.
"Aqui, havia prêmio, refeição e três a quatro trios elétricos. Era um megaevento. Neste ano, vamos colocar apenas um carro de som em algumas praças", diz.
A CUT faz festa do 1º de Maio na Praça da República, em 2018 Rivaldo Gomes/Folhapress 0 A presidente da CUT no Maranhão, Maria Adriana Oliveira, afirma que, devido à crise financeira do sindicalismo brasileiro, precisou reduzir em 30% a estrutura do evento.
Ela explica que as centrais custeavam o transporte das pessoas do interior que participavam dos atos do Dia do Trabalho em São Luís.
Maria Adriana conta que, numa tentativa de driblar a crise e realizar um evento marcante, resolveu se unir neste ano à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
"É o primeiro ano que vamos nos juntar com a Igreja Católica. Haverá, depois do ato no centro da cidade, duas romarias", avisa.
Grande parte dos atos que ocorre no 1º de Maio é unificado. Participam CUT, Força Sindical, CSB, CTB, Nova Central, UGT, CGTB, Intersindical, Conlutas e os movimentos sociais Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Por João Valadares | Folhapress