Ao menos 200 pessoas morreram em uma série de explosões simultâneas em três igrejas e três hotéis de luxo no Sri Lanka, neste domingo (21). Entre os mortos, há pelo menos 35 estrangeiros. Outras 469 pessoas ficaram feridas.
Segundo as autoridades do Sri Lanka, os ataques ocorreram por volta de 8h45 do horário local (2h30 em Brasília). No momento das explosões, os templos católicos estavam celebrando o Domingo da Ressureição, uma das datas mais importantes do calendário cristão.
A capital, Colombo, foi alvo de pelo menos quatro explosões: em três hotéis de luxo e numa igreja. As outras duas igrejas atingidas ficam em Negombo, no oeste do país (região que abriga uma grande população católica); e em Batticaloa, no leste.
Poucas horas depois das seis explosões simultâneas iniciais, foram registrados mais dois atentados. Uma explosão atingiu um pequeno hotel em Dehiwala, um subúrbio de Colombo.
Uma oitava explosão foi registrada em Dematagoda, outro subúrbio da capital, e atingiu uma residência. Sete pessoas foram presas por suspeita de participação nos ataques. A rede BBC informou que o governo disse que a maioria das explosões foi provocada por terroristas suicidas.
Nenhum grupo reivindicou autoria das ações até o momento. Em resposta aos ataques, o governo impôs um toque de recolher em toda a ilha, com início às 18h do horário local até 6h do dia seguinte.
O governo determinou ainda um bloqueio temporário das redes sociais para impedir a difusão "de informações incorretas". "O governo decidiu bloquear todas as plataformas de redes sociais para evitar a disseminação de informações incorretas e falsas. Essa é apenas uma medida temporária", afirmou a Presidência do país em comunicado.
O governo também informou que as escolas do país não devem funcionar até a próxima quarta-feira. Todos os policiais que estavam de folga também foram convocados.
O presidente do Sri Lanka, Maithripala Sirisena, pediu calma ao país após a série de atentados.
"Por favor, fiquem calmos e não sejam enganados por rumores", declarou Sirisena em mensagem à nação. O presidente, que se mostrou "em 'choque' e triste com o que ocorreu", esclareceu que "as investigações estão em curso para descobrir que tipo de conspiração está por trás destes atos cruéis".
Já o ministro das Finanças do país, Mangala Samaraweera, disse que os ataques são uma tentativa de empurrar o Sri Lanka mais uma vez para uma situação de violência, tal como ocorreu na longa guerra civil que castigou o país entre os anos 1980 e 2000.
Segundo ele, as explosões foram “uma tentativa diabólica de criar tensões religiosas e raciais no país novamente (...) justo quando estamos nos recuperando de uma longa guerra que destruiu o tecido da nossa nação por quase 30 anos”. Após os atentados, as igrejas cristãs na Terra Santa expressaram seu pesar pelo que ocorreu no Sri Lanka.
"Que difíceis, irritantes e tristes são estas notícias, especialmente porque os ataques aconteceram enquanto os cristãos comemoravam a Páscoa", lamentou o assessor de líderes da Igrejas na Terra Santa, Wadie Abunassar, que transmitiu sua solidariedade "ao Sri Lanka e a todos seus habitantes em suas várias confissões religiosas e origens étnicas". "As igrejas rezam pelas almas das vítimas e pedem a rápida recuperação dos feridos", acrescentou em comunicado.
O arcebispo de Colombo, cardeal Malcolm Ranjith, pediu que os autores dos ataques sejam punidos "impiedosamente". Ele disse que "apenas os animais podem se comportar assim" e ainda fez um apelo para que o governo lance uma "investigação muito imparcial e forte".
Os ataques contra minorias religiosas na ilha vêm se repetindo, os últimos de relevância em 2018, quando o Governo teve que declarar estado de emergência depois de confrontos entre muçulmanos e budistas.
No Sri Lanka a população cristã representa 7%, enquanto os budistas são cerca de 70%, os hinduístas 15% e os muçulmanos 11%.
Atentados desta magnitude não tinham acontecido no Sri Lanka desde a guerra civil entre a guerrilha tâmil e o Governo, um conflito que durou 26 anos e terminou em 2009, e que deixou segundo dados da ONU mais de 40 mil civis mortos.
Após os ataques deste domingo, Steffen Seibert, porta-voz da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, escreveu no Twitter: "horror de ser informado de que cristãos no Sri Lanka foram atacados e mortos durante as missas de Páscoa". "Lamentamos e oramos pelos feridos e pelas famílias. Terrorismo, ódio religioso e intolerância não devem vencer", finalizou.
Os ataques deste domingo provocaram condenação internacional e demonstrações de solidariedade ao povo do Sri lanka.
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse que "o ódio religioso e a intolerância que se mostraram hoje de maneira tão terrível não devem vencer".
"É chocante que as pessoas que se reuniram para celebrar a Páscoa juntas tenham sido conscientemente visadas nesse ataque perverso", disse Merkel em um telegrama de condolências ao governo do Sri Lanka publicado por uma porta-voz do Twitter.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também condenou os "odiosos" ataques. "Condenamos fortemente esses atos odiosos", escreveu ele no Twitter. "Solidariedade total com o povo do Sri Lanka e nossos pensamentos para todos aqueles próximos às vítimas nesta Páscoa."
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, condenou o que ela chamou de ataques "verdadeiramente chocantes" no Sri Lanka. Em uma mensagem no Twitter, ela disse que "os atos de violência contra as igrejas e hotéis no Sri Lanka são verdadeiramente aterradores" e acrescentou que "devemos nos unir para garantir que ninguém tenha que praticar sua fé com medo".
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, por sua vez, classificou os atentados como "cruéis e cínicos". Em um telegrama de condolências enviado ao seu homólogo do Sri Lanka, o líder russo disse que Moscou continua sendo um "parceiro confiável do Sri Lanka na luta contra o terrorismo internacional".
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mandou condolências ao “grande povo do Sri Lanka”. “Nós estamos prontos para ajudar”.
Fonte: DW
Postar um comentário