As 13 perfurações na lataria do GM Corsa prata (JOT-2664) dão dimensão da violência do ataque. As vítimas foram executadas sem chance de defesa, entre elas a estudante Bruna Cruz, de apenas 9 anos, que ainda usava o uniforme escolar. A menina e o namorado da mãe dela, Deivid Demétrio dos Santos, 19, morreram após disparos efetuados por ocupantes de outro carro de cor escura no início da noite desta quarta-feira (27), no bairro Ponto Certo, em Camaçari, Região Metropoliana de Salvador.
Deivid estava ao volante quando o Corsa foi fechado por um outro carro. Ele morreu no local. A grande maioria dos disparos atingiu o lado do motorista. Bruna estava sentada no banco de trás, quando foi baleada. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu a caminho do Hospital Geral de Camaçari (HGC).
A mãe dela, identificada como Jamile, e o cunhado, de nome não informado, estavam também no Corsa e conseguiram fugir. Jamile teria sido atingida na perna. Os dois sobreviventes ainda não foram localizados.
O caso é investigado pela delegada Maria Teresa, titular da Delegacia de Homicídios de Camaçari. Em nota, a Polícia Civil informou que Deivid tinha envolvimento com homicídios e tráfico de drogas na cidade. Ainda de acordo com a nota, as outras duas pessoas que estavam no carro também têm envolvimento com o tráfico.
Crime
O crime aconteceu por volta das 18h, quando o Corsa passava em frente ao Condomínio Lucaia, do Programa Minha Casa Minha Vida. Bruna tinha acabado de sair da escola e estava sentada no banco de trás ao lado do irmão de Deivid - Jamile seguia no banco do carona.
Os disparos perfuraram as portas, capô, vidros e lanternas. O Corsa está em nome do pai de Bruna, Jailton Silva da Cruz Júnior, assassinado durante um assalto em dezembro do ano passado em Camaçari. Por conta da morte de Bruna, não houve aula no Centro Educacional Carpe Diem, no bairro de Inocop, onde a garota estudava.
Depoimento
Na manhã desta quinta-feira (28), a avó paterna de Bruna, Lucinéia Reis da Cruz prestou depoimento na Delegacia de Homicidios. A delegada Maria Tereza preferiu não revelar o conteúdo do interrogatório.
No lado de fora, o irmão de Lucinéia, Jorge Campos Reis, morador de Feira de Santana, disse que não sabia de nada sobre o crime, mas que a família está arrasada com duas mortes brutais em tão pouco tempo. "Vim aqui só para acompanhar minha irmã, avó de Bruna. O que eu sei é que estamos arrasados. Em dezembro mataram meu sobrinho. Agora, a filha dele", declarou.
Passagem
Enquanto a avó paterna de Bruna era ouvida, o pai de Deivid, aguardava do lado de fora a vez de ser chamado para depor. "No momento, não tenho o que dizer. Ele era o meu filho caçula de dois e namorava com ela (Jamile) há uns três meses", declarou Joilson, que informou apenas o primeiro nome.
Questionado sobre o fato de o filho ter passagem na polícia, respondeu: "Não tenho o que falar. Tenho minha consciência limpa. Jogo tudo isso na mão de Deus".
Confira na íntegra a nota da Polícia Civil:
"A Delegacia de Homicídios (DH/Camaçari) investiga as mortes de Deivid Demétrio dos Santos, de 19 anos, e de uma garota de 8 anos, ocorridas na noite de quarta-feira (27), no bairro Ponto Certo, naquela cidade. As vítimas estavam em um veículo com a mãe da criança e o irmão de Deivid, quando foram abordadas por homens, ainda não identificados, que chegaram em outro carro e atiraram. Deivid, que tem envolvimento com homicídios e tráfico de drogas em Camaçari, morreu no local. A menina chegou a ser socorrida para o Hospital Geral daquele município, onde já chegou sem vida. As outras duas pessoas que estavam no carro, que também têm envolvimento com o tráfico, conseguiram fugir."
Fonte: Correio