Delegado responsável pela investigação sobre a execução da vereadora carioca Marielle Franco (PSol), Giniton Lages afirmou que uma filha do ex-policial militar Ronnie Lessa, preso nesta terça-feira (12) como suspeito do crime, namorou um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

“Isso tem [namoro], mas isso, para nós, hoje, não importou na motivação delitiva. Isso vai ser enfrentado num momento oportuno. Não é importante para esse momento”, observou Lages, durante entrevista coletiva sobre a investigação que levou à prisão de Ronnie Lessa e do suposto comparsa, o também ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, 46. O delegado não deu detalhes sobre o relacionamento.

Segundo a polícia, Queiroz, que aparece em uma foto antiga com Bolsonaro, teria dirigido o carro que levava Ronnie Lessa até o local onde o crime foi cometido. Segundo a TV Globo, Ronnie estaria no banco de trás do Cobalt e teria feito os disparos.

Outra informação confirmada pelo delegado é que Ronnie Lessa mora no mesmo condomínio do presidente da República e de seu filho Carlos Bolsonaro, na Barra da Tijuca, no Rio, mesmo local onde o suspeito foi preso pela manhã. 

Os outros filhos políticos de Jair Bolsonaro são o senador Flávio e o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Além deles, Bolsonaro é pai de Jair Renan e Laura, ambos que sua atual esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Dúvidas

Na coletiva, com a presença do governador Wilson Witzel, o delegado Giniton Lages afirmou ainda que as dúvidas que restam em relação ao assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes serão respondidas na segunda fase da investigação, sobretudo quem foi o mandante do crime.

Para Lages, Ronnie Lessa tem perfil de alguém que praticou crime de ódio – Marielle e Anderson foram mortos com 13 tiros. 

Pesquisas na internet 

O suspeito, segundo a investigação, fez diversas pesquisas sobre personalidades políticas ligadas à esquerda, como o deputado federal Marcelo Freixo (Psol), então deputado estadual e adversário político de Bolsonaro e família.

Lages comentou, no entanto, que a relação entre a família do presidente e o acusado "não foi confirmada, nem foi objeto da investigação".

Foto com acusado

Desde a divulgação das prisões da dupla de ex-policiais, passou a circular na internet uma foto de Bolsonaro ao lado de Queiroz, um dos suspeitos.

Questionado sobre o assunto, Bolsonaro respondeu que tem fotos com "milhares de policiais civis e militares, com milhares, do Brasil todo". Ele também afirmou que "é possível que haja um mandante" do crime.

Além disso, o presidente comentou que não ficou surpreso com as descobertas desta terça porque "não existe crime impossível" de ser solucionado. 

"Eu acredito que não existe crime impossível de ser solucionado, coisa rara. Agora que poderia chegar a um bom termo, eu acredito que sim", disse.

O presidente falou com a imprensa após encontro e pronunciamento, em Brasília, ao lado do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que está no Brasil para sua primeira visita oficial.

Fonte: Correio

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