Colaboradores da mineradora Yamana Gold - Jacobina Mineração e Comércio (JMC) - promoveram uma palestra para a comunidade de Pontilhão, em Jacobina, na noite desta terça-feira, 5. A equipe esteve apresentando para os moradores, explicações técnicas que envolvem a segurança das barragens de rejeitos da mineradora no município.
Jedlaf Botelho, engenheiro de Segurança do Trabalho e Ambiental, conduziu a palestre com apresentações visuais e respondeu aos questionamentos dos moradores. O temor da comunidade é que algo similar ao que ocorreu com as barragens de rejeitos em Mariana, há três anos, e recentemente em Brumadinho, ambas em Minas Gerais, venha a acontecer em Jacobina. Segundo Jedlaf, a possibilidade de algo tão catastrófico acontecer em Jacobina é remota, visto que os métodos de construção das barragens que romperam nas cidades mineiras são diferentes das construídas em Jacobina.
"Nossa barragem foi construída utilizando um método diferente e bem mais seguro. As barragens que romperam em Mariana e Brumadinho eram no modelo a montante. A Yamana construiu nossa barragem utilizando o método a jusante, que é mais seguro, com grande contenção dos rejeitos. Além disso, foi feita a impermeabilização do solo e drenagem do líquido, para que, com o tempo, os rejeitos se solidifiquem e não gerem risco. O método construtivo da barragem de rejeitos da Yamana é dos mais seguros", explicou Jedlaf Botelho em entrevista ao Jacobina Notícias.
Barragem a montante - são construídas reaproveitando os rejeitos para sua própria sustentação, de camada a camada, até o limite máximo. Esse modelo de barragem (foto 01) foi utilizado em Mariana e Brumadinho, e não possui a segurança adequada. As chances de rompimento em barragens a montante, conforme explicou Jedlaf, são muito maiores do que com o modelo de construção utilizado pela Yamana Gold em Jacobina.
Barragem a jusante - são construídas com grandes contenções, de modo a suportar a pressão dos jeitos descartados após o processo de mineração. Nas barragens a jusante (fotos 2 e 3), degraus de contenção cada vez maiores são construídos na medida em que os rejeitos aumentam, gerando mais segurança e estabilidade. Esse foi o método utilizado pela minerado em Jacobina, em sua segunda barragem, a B2. Segundo previsão da Yamana, a barragem 2 será utilizada até o ano de 2036.
O engenheiro destacou ainda que, a primeira barragem de rejeitos, ou B1, que foi construída na década de 1980, está desativada e com grande parte de sua estrutura já solidificada, por conta do trabalho de drenagem que é feito há anos. Os níveis de líquido dentro da primeira barragem são cada vez menores e, segundo Jedlaf, nos próximos anos a drenagem deve chegar ao fim, ficando uma montanha de rejeitos totalmente sólido. As duas "barragens são monitoradas" permanentemente, contou o engenheiro.
Recomendações do MP
Na semana passada, o promotor Pablo Almeida, do Ministério Público do Estado da Bahia, recomendou o aumento da segurança da barragem 1, "é fundamental a melhoria do sistema de drenagem das águas superficiais da barragem, drenagem de águas pluviais, estudos da influência da drenagem natural subterrânea, à montante da B1, no rejeito saturado no interior da barragem, bem como medidas que impeçam que essa drenagem, de característica ácida, atinja os recursos hídricos vizinhos ao empreendimento".
Pablo Almeida também destacou a segurança da segunda barragem. “Trata-se de estrutura mais moderna, com impermeabilização do solo, através de mantas termoplásticas de polietileno de alta densidade (PEAD), o que oferece uma maior segurança e melhor adequação ambiental. A barragem II é acompanhada diariamente por técnicos da empresa, que fazem dois relatórios quinzenais e encaminham os dados mensalmente à Agência Nacional de Mineração. Ainda sob a perspectiva de controle interno, são realizadas análises de performance uma vez por mês, através de auditoria interna, em nível de diretoria internacional”, detalha.
Plano de ação e treinamento
Os representantes da mineradora disseram que existe um plano de ação e estará realizando simulados com os moradores das comunidades nos próximos dias. Sirenes serão instaladas por todo o perímetro onde possa haver risco em caso de um rompimento da barragem. Um equipamento que transmite o alerta por ondas digitais e acionam as sirenes será adquirido pela minerado em outro país, pois não há disponibilidade no Brasil.
Kits contendo todo o plano de ação, um mapa e orientações serão distribuídos para todos os moradores. A mineradora se comprometeu a ir de casa em casa, para que nenhum morador fique sem as devidas informações e o kit que deverá ser levado numa eventual emergência.
Nesta terça-feira, um grupo de moradores do bairro Jacobina II visitou as instalações da mineradora e conheceu de perto as barragens. Eles puderam questionar outros funcionários acerca da segurança nas barragens. Nesta quarta e na sexta-feira, será a vez dos moradores do Pontilhão e Canavieira visitarem a sede da empresa, e ver de perto as condições das barragens.
Fonte: Jacobina Notícias / Fotos: Robson Guedes