O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, insistiu que os militares venezuelanos deixem de obedecer ao regime de Nicolás Maduro. "Vocês não devem lealdade a quem queima comida na frente de famintos", disse o líder oposicionista em discurso em Cúcuta (Colômbia) neste sábado (23).
"[Os militares] não devem nenhum tipo de obediência a quem, com sadismo, decide que não entre ajuda humanitária para o país", afirmou Guaidó.
Segundo o líder oposicionista, o regime de Maduro "celebra um massacre da nossa gente, em que hospitais venezuelanos não recebem ajuda". "Celebram a morte de mais venezuelanos", acusou Guaidó.
"Perguntem para seus familiares se precisamos de comida e de remédio. Perguntem. Ele [Maduro] é o assassino", acusou.
O autodeclarado presidente interino também pediu esforços para "conseguir liberdade para a Venezuela". "Pedimos que mantenham todas as cartas na mesa", acrescentou.
"Hoje o mundo viu a pior cara da Venezuela."
Guaidó também anunciou que participará de reunião com o Grupo de Lima – conjunto de países das Américas que, na maioria, apoiam o líder da oposição – nesta segunda-feira. Ele também disse que vai se reunir com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence.
Duque: 'Derrota moral'
Minutos antes, o presidente da Colômbia, Iván Duque, disse que o regime de Maduro teve neste sábado "a sua derrota moral".
"A ditadura venezuelana pode apelar para violência para evitar ajuda, mas teve hoje sua derrota moral, sua derrota diplomática", afirmou.
O presidente colombiano foi um dos primeiros a reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela. No discurso desta noite, Duque disse pediu que "o mundo diga 'basta!' à ditadura venezuelana.
"O mundo pode ver como hoje queimaram alimentos e medicamentos, que foram incinerados e que poderiam, seguramente, ter salvado vidas na Venezuela", disse o presidente da Colômbia.
Líder da OEA pede resposta internacional
Na mesma linha de Duque, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, disse que "a comunidade internacional deve ser dura, atendendo aos direitos interamericanos e ao direito internacional".
Almagro chamou o governo de Maduro de "usurpador" e que as ações que impediram entrada de ajuda humanitária à Venezuela são "inadmissíveis".
"Matar pessoas que levavam alimentos e remédios é uma baixeza ética. É um regime que comemora a vitória por assassinar seu povo", repudiou Almagro.
G1