O Vaticano está iniciando sua própria investigação sobre as acusações contra o cardeal australiano George Pell, que foi considerado culpado do abuso sexual de menores de idade na Austrália, disse um porta-voz nesta quarta-feira (27).
A medida significa que Pell, que alega inocência e planeja apelar do veredicto, pode ser expulso do sacerdócio se o departamento doutrinário do Vaticano também considerá-lo culpado.
A condenação de Pell foi particularmente constrangedora para o Vaticano e o Papa Francisco, já que veio só dois dias após o final de uma grande reunião de líderes da Igreja sobre como lidar melhor com o abuso infantil por parte do clero.
O veredicto de culpa do cardeal foi divulgado na Austrália nesta terça-feira depois da anulação de uma ordem legal de supressão. Pell foi considerado culpado de cinco acusações de abuso de meninos de 13 anos quando era arcebispo de Melbourne nos anos 1990. Ele será sentenciado no dia 13 de março.
Pell, que tem 77 anos e foi uma autoridade de alto escalão do Vaticano, voltou a ser preso e passará sua primeira noite atrás das grades nesta quarta-feira enquanto aguarda sua pena por abusar sexualmente de dois meninos de um coral na Austrália duas décadas atrás.
"Após o veredicto de culpa de primeira instância do cardeal Pell, agora a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) tratará do caso na sequência do processo e dentro do tempo estabelecido pela norma canônica", informou o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti.
Ele não deu detalhes sobre o cronograma ou o processo. A investigação pode levar a um julgamento ou a um "processo administrativo" abreviado, disse uma fonte do Vaticano.
Gisotti também confirmou que Pell não comanda mais o Secretariado da Economia, no qual supervisionava as finanças do Vaticano. O mandato de cinco anos de Pell terminou vários dias atrás, e o Papa ainda não escolheu um sucessor.
Escândalos
O caso Pell ocorre no momento em que a Igreja Católica ainda sofre o abalo de escândalos de abusos nos Estados Unidos, Chile, Irlanda e Alemanha, entre outros locais.
Embora a maior parte dos abusos tenha acontecido décadas atrás, eles macularam o pontificado de Francisco porque as vítimas e seus defensores dizem que ele ainda não fez o suficiente para responsabilizar os bispos que permitiram ou acobertaram abusos de padres.
Fonte: G1