Mais 4 militares venezuelanos desertaram e entraram no Brasil entre o fim da tarde e o início da noite de domingo (24). Eles entraram em Roraima por rotas clandestinas e estavam fardados. Outros 3 já haviam chegado ao país entre o sábado e a manhã de domingo.

Dos 4 novos desertores, 3 chegaram juntos no fim da tarde. Após entrarem em território brasileiro, eles foram auxiliados por militares brasileiros que faziam patrulhamento e levados a um abrigo para refugiados.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra os venezuelanos dentro de um veículo militar brasileiro. Um dos desertores, que estava desnutrido e teve enrijecimento muscular, aparece deitado e ofegante.

"Estamos no Brasil", diz um dos militares venezuelanos. "Seguiremos em luta, senhores, por favor não nos abandonem."

Um outro vídeo mostra a fuga dos militares ainda dentro da Venezuela. Nele, um dos homens diz estar "fugindo desses ratos, corruptos, assassinos".

O quarto desertor chegou ao Brasil por volta das 20h (horário de Brasília). Assim como todos os demais que já chegaram ao Brasil, ele pertence à Guarda Nacional Bolivariana, um dos quatro braço das forças armadas venezuelanas voltado à garantia da ordem interna do país.


Deserções começaram no sábado

A Venezuela enfrenta uma crise social e política. O presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, autoproclamou-se presidente e foi reconhecido como o chefe de Estado venezuelano por cerca de 50 países, dentre os quais o Brasil.

O topo das Forças Armadas segue alinhado ao presidente Nicolás Maduro. Mas, no último fim de semana, alguns militares começaram a deixar o país. Além dos 7 que fugiram para o Brasil, cerca de 60 atravessaram a fronteira com a Colômbia no fim de semana, segundo Bogotá – que reconhece Guaidó como presidente da Venezuela.

As deserções ocorreram a partir de sábado, quando a oposição e países que apoiam Guaidó tentaram fazer chegar à Venezuela comboios de ajuda humanitária por meio das fronteiras com a Colômbia e o Brasil. Maduro considera a ajuda humanitária parte de uma tentativa de golpe para derrubá-lo, e determinou o fechamento das duas fronteiras.

A tentativa, frustrada, foi acompanhada de protestos. Na fronteira com a Colômbia, 285 pessoas ficaram feridas no sábado, segundo o governo colombiano.


Em Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, manifestantes contrários a Maduro que vivem no Brasil atiraram pedras contra os militares venezuelanos, que revidaram com bombas de gás. Algumas delas atingiram o território brasileiro.

Os confrontos começaram no sábado. No domingo, após novo enfrentamento, o governo brasileiro montou uma barreira de integrantes da Força Nacional para conter os manifestantes. Nesta segunda-feira, a situação é tranquila, e uma equipe de policias rodoviários federais impede aglomerações na linha de fronteira.

A violência tem ocorrido também em outras áreas da Venezuela. O alto comissariado para os Direitos Humanos da ONU afirma que a repressão de militares e paramilitares a serviço de Maduro deixou 4 mortos e 300 feridos entre sexta-feira e sábado.

Neste domingo, o prefeito da municipalidade de Gran Sabana, região que faz fronteira com o Brasil, afirmou a jornalistas que 25 morreram e 84 ficaram feridos naquela área.

Esses números de mortos e de feridos não foram citados por fontes oficiais, tanto do presidente Nicolás Maduro, quanto de grupos ligados ao autoproclamado presidente Juan Guaidó.

No campo diplomático, representantes do Grupo de Lima, que reúne 14 países e não reconhece a legitimidade de Maduro, encontram-se também nesta segunda-feira na Colômbia. Pelo Brasil, participam o vice-presidente, Hamilton Mourão, e o chanceler, Ernesto Araújo.

'Coloquem-se do lado do povo que passa fome'

Os dois primeiros desertores Maduro chegaram ao Brasil no sábado à noite. Um terceiro chegou no domingo pela manhã.

Em entrevista a jornalistas, eles pediram aos companheiros de farda que deixassem de apoiar o regime de Nicolás Maduro. "Que se coloquem do lado do povo, porque o povo está passando fome", disse o sargento Carlos Eduardo Zapata, no domingo.

"Não podemos mais aceitar a ditadura de Nicolás Maduro e sua gente. Nós nos cansamos disso. Somos conscientes da necessidade que sofre o povo venezuelano e a Venezuela", disse o sargento Jean Carlos Cesar Parra.

Fonte: G1

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