Uma semana após o incêndio no alojamento do centro de treinamento do Flamengo, o clube se recusa a cumprir uma decisão da Prefeitura do Rio de interditar o local. Dez atletas da equipe menores de idade morreram no local, que está irregular, segundo as autoridades municipais.

O vice-presidente Jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, minimizou nesta sexta-feira (15) a ausência de licença municipal para o funcionamento do centro de treinamento do clube desde 2017.

Na primeira vez em que um representante do Flamengo respondeu a questionamentos da imprensa, Abranches abandonou a coletiva ao ser pressionado a explicar o motivo do Ninho do Urubu, como o CT é conhecido, estar funcionando desde outubro de 2017 desrespeitando interdição determinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro.

"Uma decisão administrativa cabe recurso. Se eu quiser recorrer, vou recorrer. Estou no prazo para fazer certas coisas. Só acho que essa questão de licença é colateral. Nós temos campos de futebol que não oferecem risco nenhum", afirmou Abranches.

Em reunião promovida entre o clube e autoridades, a Prefeitura do Rio de Janeiro reafirmou que o CT deve ser interditado, segundo pessoas que participaram do encontro. O Flamengo não fechou o CT e realizou treino do time profissional na tarde desta sexta, mesmo após o fim do encontro.

Para efetivar a interdição, a prefeitura deve solicitar o fechamento na Justiça, ou comunicar ao Ministério Público do Rio de Janeiro para que avalie o caso. Nenhum representante do município falou com a imprensa.

Abranches abandonou a coletiva enquanto jornalistas ainda faziam perguntas.

Dez atletas da base do clube morreram num incêndio no CT há uma semana. O Flamengo já havia sido multado 31 vezes pela prefeitura por falta de alvará de funcionamento. O Ninho chegou a ser interditado pelo município em outubro de 2017, mas não cumpriu a determinação.

A Vara de Infância e Juventude já proibiu a entrada de crianças e adolescentes no CT, após pedido do MP-RJ.

O vice-jurídico afirmou que a nova gestão do clube rubro-negro, que assumiu este ano, ainda está analisando os documentos administrativos para tomar uma decisão sobre o funcionamento do CT.

"Quero esclarecer que sou vice-presidente jurídico do Flamengo há pouco mais de 30 dias desse lamentavelmente desse acidente. Tomando conhecimento de um ato administrativo o Flamengo vai sentar para deliberar o que fazer. A alçada de deliberação desses assuntos é o Conselho Deliberativo, com os 16 vice-presidentes e o presidente", declarou o dirigente.

A reunião entre representantes do clube e autoridades teve como objetivo definir as indenizações às vítimas do acidente e a readequação do CT para que funcione de acordo com as normas exigidas.

A 2ª subdefensora pública-geral, Paloma Lamego, disse que na segunda-feira (18) serão definidos os valores mínimos de indenização para os familiares das vítimas, bem como aos feridos no incêndio.

"Esse será um patamar mínimo. A partir daí vamos sentar com cada família para definir a situação particular de cada família para definirmos um valor justo", disse Lamego.

Fonte: Folhapress

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