Em reunião no Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro foi cobrado na noite desta terça-feira (26) por líderes de partidos da Câmara a recuar em pontos da proposta de reforma previdenciária e a acelerar o envio das mudanças no regime atual dos militares.

Segundo relatos de presentes, diante das queixas dos parlamentares, o presidente sinalizou a possibilidade de mudanças na proposta enviada na semana passada e disse que a reforma ideal não é a dele, mas a que será aprovada pelo Poder Legislativo.

"A frase dele foi: 'A reforma boa não é a minha e não é a de vocês [parlamentares]. É a que vai ser aprovada no Congresso Nacional.' Então, o presidente demonstra sensibilidade. Ele sabe que é de fato um diálogo que tem de ser feito", relatou a deputada federal Joice Hasselman (PSL-SP).

No encontro, a parlamentar foi anunciada pelo presidente como a líder do governo no Congresso. Segundo ela, se há um descontentamento geral sobre pontos da proposta, cabe ao governo federal discuti-los para encontrar uma solução.

As principais queixas foram em relação às alterações proposta no novo texto nas aposentadorias rurais e de professores e no BPC (Benefício de Prestação Continuada). Para os líderes das siglas, as regras atuais devem ser mantidas ou as mudanças devem ser menos radicais.

"Ele [presidente] deixou muito claro que o Congresso Nacional terá a liberdade de propor as alterações. E que já praticamente há um entendimento de que haverá alterações na reforma previdenciária", disse o líder do PMN, Eduardo Braide (MA).

Segundo o deputado federal, foi feita uma cobrança para que a proposta geral só comece a tramitar nas comissões parlamentares após o projeto dos militares ser apresentado. De acordo com relatos, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, garantiu que a medida será enviada "o quanto antes".

"Está tudo caminhando bem para isso, para que o texto chegue e seja encaminhado em conjunto. Essa é uma definição que vem da equipe econômica, mas, pelo que tenho ouvido, tudo caminha muito bem para que o texto chegue logo", disse Joice.

No encontro, os líderes dos partidos defenderam que o Palácio do Planalto tenha controle sobre a narrativa em defesa da proposta e atue para isso nas redes sociais. O que ficou definido é que o próprio presidente atuará como o garoto-propaganda da proposta.

A ideia é que ele defenda a reforma em entrevistas à imprensa, em publicações nas redes sociais e na publicidade do governo, inclusive rebatendo os argumentos contrários de partidos de oposição. As propagandas estão em fase final de elaboração e devem ser veiculadas já em março.

Além das queixas sobre a proposta, os líderes dos partidos aproveitaram o encontro para reclamar que o governo ainda está fechado para o Poder Legislativo. Segundo eles, os ministros palacianos não estão abrindo as suas agendas diárias para receber deputados e senadores.

Segundo relatos de presentes, foi sinalizado que esse cenário será modificado, sobretudo agora que a prioridade do presidente é a aprovação da proposta ainda no primeiro semestre deste ano.

Nesta quarta-feira (27), o ministro da Economia, Paulo Guedes, se reunirá com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para discutir a tramitação da proposta e a possibilidade do governo ceder em alguns pontos do texto enviado pela equipe econômico.

Fonte: Folhapress

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