Há ao menos 200 pessoas estão desaparecidas, segundo o Corpo de Bombeiros, após o rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG), na Grande Belo Horizonte, na manhã desta sexta-feira (25).

Os rejeitos atingiram uma área administrativa da empresa, onde havia funcionários, além da comunidade Vila Ferteco. Em nota, a Vale não descarta que pode haver vítimas, mas ainda não há informações sobre mortos.

Por volta das 15h30, dois feridos acidente deram entrada no hospital de pronto socorro João 23, na capital mineira. Pelas primeiras informações, são duas mulheres de 15 e 22 anos. As vítimas chegaram ao hospital resgatadas pelo helicóptero dos bombeiros. Elas estão no setor de politraumatizados.  

Até as 16h30, outros dois feridos chegaram ao hospítal. Ao todo, são 51 socorristas e seis aeronaves atuando no resgate. Segundo a corporação, um posto de arrecadação de alimentos foi montado na Faculdade Asa de Brumadinho.


O rompimento foi na região do córrego do Feijão, na altura do km 50 da rodovia MG-040. A barragem tinha volume de 12,3 milhões de m³ de rejeito de mineração. A de Mariana, que se rompeu há três anos, tinha 50 milhões de m³ de rejeitos.

Os rejeitos atingiram a bacia do rio Paraopeba. Moradores de cidades por onde passa o rio, como Betim, estão sendo orientados a deixar suas casas.

A Vale informou que ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens. De acordo com o governo de Minas Gerais, uma força-tarefa do estado já está no local do rompimento, para acompanhar e tomar as primeiras medidas.

Segundo Valdir de Castro Oliveira, professor titular da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) que vive em Brumadinho, a comunidade rural Vila Ferteco tem cerca de 200 pessoas. "É uma tragédia anunciada, porque desde Mariana (MG), tem sido constante as denúncias por ONGs e órgãos ambientais", diz.


A região toda próxima à barragem tem em torno de mil moradores, segundo a empresária mineira Natália Farina, 30. Ela, que estava trabalhando no centro de Brumadinho no momento do incidente, disse que não houve alerta antes do rompimento por lá, e que a lama continua descendo, enquanto a população busca abrigo em partes altas da cidade.

Já o biólogo Luiz Guilherme Fraga e Silva, 27, se salvou "por uns 30 segundos" de ser levado pelos rejeitos. Mineiro de Belo Horizonte, ele fazia um trabalho de campo na cidade, tirando fotos da comunidade, quando viu um tsunami de lama vindo em direção à ponte em que estava.

"Saiu varrendo tudo e eu fui correndo para um trevo próximo. Vi todo mundo saindo gritando das casas e a lama levando os fios de postes de luz, tudo caindo", conta Luiz Guilherme. "Até agora não caiu a ficha, nem sei como estou dirigindo."

Fonte: Folha de São Paulo

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