O aposentado José Eudes Gonzaga Ferreira, de 68 anos, e sua mulher Maria de Fátima Frazão Ferreira, de 65, estavam indo o banco sacar o dinheiro da aposentadoria e entraram na Catedral de Campinas, na terça-feira, 11, para agradecer por estarem recebendo o benefício.
"Todo mês eles faziam isso, sacavam o dinheiro e passavam na igreja para agradecer. Dessa vez, eles fizeram diferente, foram à igreja primeiro", relata do genro Donizeti Soares, de 61 anos. Os dois foram vítimas do atirador Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos. Maria de Fátima levou um tiro na coxa e sobreviveu. Baleado também, José Eudes não resistiu.
O corpo do aposentado estava sendo velado, na manhã desta quarta-feira, 12, no velório do Cemitério Parque Nossa Senhora da Conceição, em Campinas. Donizeti conta que o casal era muito unido. "Eram companheiros, estavam casados havia 37 anos e um vivia para o outro. Não sei o que vai ser de minha sogra."
Maria de Fátima foi ao velório em cadeira de rodas. Abatida, chorou copiosamente, assim como a filha Flávia. A idosa continua com a bala alojada na coxa. "Ela teve alta para vir ao velório, mas amanhã (quinta-feira, 13), deve voltar ao hospital. Os médicos vão decidir quando vão operar."
O genro conta José Eudes tinha o apelido de "Santinho" e gostava de política. "Ele foi candidato a vereador na eleição passada e, apesar de ser muito conhecido no bairro, não se elegeu." A vítima morava com a esposa no bairro Rocim, região do Campo Grande. Segundo o genro, Maria de Fátima "apagou" as lembranças do ataque.
"Ela lembra de pouca coisa. Ouviu os tiros e se agachou. Deve ter sido atingida nessa hora, pois desmaiou. Ela não viu o cara, nem ouviu o que ele disse."
Além de Flávia, o casal tem outro filho que ainda não havia chegado para o velório. Eles perderam um filho adolescente, de 12 anos, há quase 20 anos. "Agora, o esposo se foi. Vai ser difícil para ela." O sepultamento estava previsto para as 15 horas.
O corpo de Cristofer Gonçalves dos Santos também estava sendo velado no Cemitério Parque Nossa Senhora da Conceição, mas os familiares não quiseram dar entrevistas. O clima era de choro e desolação. O sepultamento estava marcado para as 13 horas.
Fonte: Estadão