No último debate entre os presidenciáveis antes da votação em primeiro turno, promovido pela TV Globo, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto, foi alvo de críticas contundentes dos participantes por ter se ausentado do encontro. No estúdio da emissora, o petista Fernando Haddad, que está em segundo lugar nas sondagens eleitorais, foi constantemente confrontado pelas denúncias de corrupção durante as gestões de seu partido no Palácio do Planalto. 

Mais uma vez, os candidatos que ocupam posições intermediárias nas pesquisas tentaram se colocar como alternativas à polarização entre Bolsonaro e Haddad. Na pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 4, o candidato do PSL soma 35% das intenções de voto ante 22% do presidenciável do PT.   

A ausência de Bolsonaro, que alegou recomendações médicas para não ir ao debate, mas concedeu uma longa entrevista à TV Record, foi questionada pela maioria dos participantes. 

Os candidatos que estão no segundo pelotão nas pesquisas também tentaram reforçar a versão de que os líderes representam os extremos do espectro político. Bolsonaro, além das críticas pela ausência, foi tratado como um risco à democracia. Além do tema corrupção, Haddad precisou responder sobre a crise econômica gerada após os governos petistas. 

Logo no início Ciro Gomes (PDT) repetiu a dobradinha com Marina Silva (Rede) e falou sobre o risco de um novo impeachment em caso de vitória do candidato do PT ou do PSL. “Não acredito que, a permanecer essa polarização, se tenha possibilidade de governar o Brasil. Alguns votando por medo do Bolsonaro, outros do Haddad ou porque tem raiva de um ou de outro”, disse a ex-ministra. 

Marina foi aplaudida pela plateia quando afirmou que Bolsonaro “amarelou”. Em outro momento, a candidata da Rede cobrou diretamente Haddad uma autocrítica em relação aos escândalos nas gestões do PT.

“É lamentável que você não reconheça nenhum dos erros (do PT). Você tem a oportunidade de olhar para o povo brasileiro e reconhecer os erros, e você não faz”, disse Marina. “Eu sei o que foram os 12 anos do governo do PT. Eu vivo de salário. Sou professor universitário. Eu tenho ética, tenho história, tenho vida pública sem nenhum reparo”, respondeu o petista.

Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos) também alertaram sobre a possibilidade de vitória de um dos extremos. Estagnado nas pesquisas, o tucano apelou ao antipetismo e mirou em Bolsonaro. “O PT terceiriza a responsabilidade. Nem o PT, nem Bolsonaro vão tirar o País da crise”, disse.

Haddad e Boulos associam Bolsonaro a risco à democracia
Haddad e Guilherme Boulos (PSOL) se uniram na narrativa que Bolsonaro coloca em risco o ambiente democrático. “Faz 30 anos que esse País saiu de uma ditadura, mas acho que a gente nunca esteve tão perto como nesse momento. Ditadura nunca mais”. Ao responder, Haddad afirmou que “sem democracia não há direitos” tentando explorar propostas polêmicas feitas pela campanha do PSL na área econômica. 

No terceiro bloco, Ciro e Meirelles fizeram uma dobradinha para criticar o fato de Bolsonaro não ter ido ao debate. Meirelles também comparou Bolsonaro ao ex-presidente Fernando Collor e criticou o conceito de salvador da pátria. 

Haddad foi tratado pelos adversários como o outro extremo da polarização. Alvaro Dias usou de ironia para lembrar que o ex-prefeito de São Paulo é o substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato. “Trouxe uma pergunta escrita no papel para você levar para o verdadeiro candidato PT lá em Curitiba”, provocou. 

O petista e o tucano Geraldo Alckmin travaram um embate direto sobre a responsabilidade pela crise econômica. Alckmin responsabilizou a presidente cassada Dilma Rousseff. Haddad defendeu Dilma culpando as pautas bomba aprovadas no Congresso com apoio do PSDB pela desestabilização da economia. O petista e o tucano também tentaram empurrar um para o outro a responsabilidade pelo governo Michel Temer. 

Enquanto os candidatos debatiam na Globo, Bolsonaro falava na concorrente Record. Segundo dados preliminares de audiência, a entrevista do líder das intenções de voto, exibida no Jornal da Record, ficou na casa dos 12 pontos, enquanto o debate registrava 24 pontos no mesmo horário. Cada ponto de audiência representa cerca de 246 mil domicílios.

Estadão Conteúdo

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