Ainda faltavam três quilômetros para o final do percurso, e o cansaço do dia anterior quase impediu que a última atleta completasse a prova da 22ª Corrida dos Bancários, realizada em Feira de Santana, a 109 km de Salvador. Mas, no momento em que a corredora pensou em desistir, um ‘estímulo extra’ contribuiu para que ela ultrapassasse a linha de chegada, superando seus próprios limites.

A situação aconteceu durante a manhã deste domingo, 26, e o ‘anjo da guarda’ da vez foi a cabo da Polícia Militar (PM) Maria Isabel Leão, que acompanhava a competição em uma moto, com outro policial. Os dois agentes do Esquadrão de Motociclistas Asa Branca – que atua no bloqueio e liberação das vias para a passagem dos atletas – chegaram até a corredora e perguntaram se ela era a última da prova.

Ao receber a confirmação de que não havia mais corredores atrás, a cabo Leão desceu da motocicleta e correu o resto da prova ao lado da participante. “Sinalizei que não conseguiria, então ela pediu para o parceiro: você segura meu capacete? Ele disse sim, ela desceu e correu comigo, de farda, em um sol escaldante e mais uma vez falou: você não vai parar porque vou com você até o fim”, escreveu a atleta amadora.

Esta era a segunda corrida da participante, e o medo de não conseguir completar o trajeto se transformou em motivação para superar obstáculos. “Entre orientações de respiração, estímulo para chegar a reta final ela foi comigo até a chegada - ainda me deixou chegar na frente dela. Com direito a aplausos e fotos, me orgulhei de ver uma servidora que não precisava fazer aquilo honrar a farda que veste, e não apenas me protegeu como me estimulou a ser melhor”, disse ela.

A cabo Leão, que também é corredora, diz que gosta de acompanhar os últimos colocados nestes eventos esportivos. "Ela pensou em desistir, mas tirei o capacete e falei que estávamos juntas. Disse ainda que o objetivo dela de completar a prova seria conquistado", ressaltou.

CONFIRA O RELATO COMPLETO DA PARTICIPANTE:
Hoje era apenas o dia da minha segunda corrida. Acordei atrasada, quase não levantava, esqueci de comprar o leite da inscrição... Papai me levou porque nem o lugar da partida sabia direito. O foco era correr mais que da última vez, talvez reduzir o tempo. Sabia que seria uma das últimas colocadas mas sem grandes emoções. Tava muito cansada, havia trabalhado o sábado todo, e após a largada vi que já estava melhor que da última vez... Após os 2km, entre corridas e caminhadas, estava no grupo dos últimos. Nos 3km, perto de pensar no número do motoboy, uma moto de se aproximou, com dois policiais. Pensei: tô ferrada! Vou atrasar muito o fim da corrida porém, a PFem me perguntou: Você é a última? E convicta do sim respondi positivamente! Dali a sequência não era esperada, entretanto eu alonguei e falei: podem seguir, vou parar logo ali. Eis que de uma forma surpreendente ela respondeu mais uma vez: Não vamos deixar você só! Sinalizei que não conseguiria, então ela pediu para o parceiro: você segura meu capacete? Ele disse sim, ela desceu e correu comigo, de farda, em um sol escaldante e mais uma vez falou: você não vai parar porque vou com você até o fim. Entre orientações de respiração, estímulo para chegar a reta final ela foi comigo até a chegada - ainda me deixou chegar na frente dela. Com direito a aplausos e fotos me orgulhei de ver uma servidora que não precisava fazer aquilo honrar a farda que veste, e não apenas me protegeu como me estimulou a ser melhor! Não sei o nome dela, talvez nunca mais a veja mas, certamente nunca mais a esquecerei.


A Tarde

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