Alemanha, França, Turquia e outros países condenaram nesta segunda-feira (14) o uso de munição real por Israel durante protesto de palestinos na faixa de Gaza e pediram ao Estado judaico que exerça moderação ao lidar com os manifestantes.

Tropas israelenses mataram ao menos 52 palestinos que protestavam contra a transferência da embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém -cidade cuja soberania disputam com Israel.

"O direito a um protesto pacífico também deve se aplicar a Gaza", afirmou uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. "Israel tem o direito de se defender e assegurar suas fronteiras contra intrusões violentas, mas o princípio da proporcionalidade se aplica."

Isso significa, disse a porta-voz, que o uso de munição real só deve ocorrer quando outras formas de contenção se mostraram ineficazes e ameaças específicas estiverem presentes.

"Estamos preocupados com relatos de violência e perda de vidas em Gaza. Pedimos calma e moderação para evitar ações destrutivas para os esforços de paz", declarou um porta-voz da primeira-ministra britânica, Theresa May.

"A França mais uma vez apela às autoridades israelenses para que exercitem o discernimento e a contenção no uso da força", disse o ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, destacando "o direito dos palestinos de se manifestarem pacificamente".

Paris desaprova a transferência da embaixada americana para Jerusalém, que "viola a lei internacional", declarou o chanceler.

"A França condena a violência", disse a Presidência de Emmanuel Macron, da França, em nota. "O presidente conversará com os principais atores na região [nos próximos dias]."

"Pedimos a todas as partes que ajam com a máxima moderação, a fim de evitar mais perdas de vidas humanas", afirmou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

Ela lembrou a "posição clara e unida" da UE, segundo a qual a transferência das embaixadas de Tel Aviv para Jerusalém não deveria acontecer até que o status da Cidade Santa seja acertado em uma resolução de conflito.

Questionado sobre se a transferência da embaixada americana faz a Rússia temer um agravamento da situação na região, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse: "Sim, nós temos isso".

"Estamos convencidos de que não devemos reverter unilateralmente as decisões da comunidade internacional. E o destino de Jerusalém deve ser decidido pelo diálogo direto com os palestinos", disse o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

"O governo da Espanha está consternado pelo elevado número de manifestantes mortos e feridos hoje na Faixa de Gaza que se somam às vítimas das manifestações das últimas semanas e faz um apelo urgente à contenção de todos os envolvidos", indicou o comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

"Amaldiçoamos o massacre realizado pelas forças de segurança israelenses contra palestinos participando de uma manifestação pacífica", afirmou em nota o governo do premiê turco, Recep Tayyip Erdogan.

"A chocante morte de dezenas e ferimentos em centenas por disparos de Israel em Gaza devem parar imediatamente, e a comunidade internacional deve levar os responsáveis à justiça", afirmou o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra'ad al Hussein. "O direito à vida deve ser respeitado."

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar "particularmente preocupado" com a situação em Gaza.

A Anistia Internacional denunciou uma "violação abjeta" dos direitos humanos e "crimes de guerra" em Gaza, enquanto a Human Rights Watch (HRW) denunciou "um banho de sangue".

O Kuait pediu a realização da uma reunião na terça-feira (15) do Conselho de Segurança da ONU, sobre a violência na fronteira de Gaza.

Os EUA, por sua vez, culparam o Hamas pela violência. "A responsabilidade por essas mortes trágicas é totalmente do Hamas. O Hamas cínica e intencionalmente provocou essa reação", disse o porta-voz da Casa Branca, Raj Shah. 

Com informações da Folhapress

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