"Eu tô no prédio que tá pegando fogo!". Foi a primeira frase de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, um das vítimas do incêndio do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, centro de São Paulo. Conhecido como Tatuagem, ele tentava ajudar pessoas "que não conseguiram subir porque a fumaça é muito tóxica", como explicou.

"O senhor tá dentro do prédio?", pergunta a agente que atendeu o telefone de emergência da Polícia Militar. "Eu tô no prédio. Eu tô no último andar. Eu tô no térreo. Eu tô na, na, na cobertura! O fogo já tá aqui em cima. Por favor! O fogo já aqui em cima perto de mim!", alerta Ricardo, desesperado, ao pedir que mande um helicóptero. "Por favor, manda um helicóptero, tira eu daqui" (sic).

Um dos bombeiros que atuaram na tentativa de resgate na madrugada do dia 1º de maio, o sargento Caio Salgado Corá explicou, ao Fantástico, que subiu, com os colegas, 15 andares de escada, em um prédio vizinho, até chegar a um ponto onde pudesse ser feito o salvamento. Depois de abrir um "acesso na parede" com marretas.

À esta altura, Ricardo, que estava encurralado pelo fogo, desceu pelo cabo de para-raios até o 15º andar, altura em que recebeu um cinto de escalada e uma corda. Neste momento, quando ia ser puxado pelos agentes, a estrutura ruiu e ele foi atingido por uma laje.

"A gente sente o impacto grande, a gente chega as ser arrastado ali cerca de um metro, devido a este tensionamento da corda, a gente sente a corda romper, quando ele, infelizmente, se solta do nosso equipamento e vem a cair nos escombros", lamenta o sargento. "Como a gente estava a cerca de 3, 4 metros do prédio que desabou, a sensação de que ele viria a cair sobre nós, no primeiro momento, foi muito grande, o susto foi grande", finaliza.

Leia a transcrição do telefonema

- Polícia Militar, Emergência.

- Eu tô no prédio que tá pegando fogo!

- O senhor tá dentro?

- Hã?

- O senhor tá dentro do prédio?

- Eu tô no prédio. Eu tô no último andar. Eu tô no térreo. Eu tô na, na, na cobertura! O fogo já tá aqui em cima.

- Tem a altura do número aí? Mais ou menos a rua?

- É no começo da Rio Branco. O bombeiro já tá vindo pra cá.

- Eu vou avisar que o senhor tá em cima, tá?

- Por favor! O fogo já aqui em cima perto de mim!

- Tem mais alguém com o senhor aí?

- Teve gente que não conseguiu subir por causa da fumaça. É muito tóxica.

- Tá, tá. Tá bom. Eu vou avisar aqui, tá bom?

- Por favor, manda o resgate pra mim aqui, eu tô no térreo.

- Como é que é seu nome? Qual que é seu nome, senhor?

- Ricardo de Oliveira Galvão.

- Senhor Ricardo, eu já vou avisar, tá bom? É só aguardar aí.

- Por favor, manda o helicóptero. Tira eu daqui!

- Senhor, eu já tô avisando. Conte com a Polícia Militar. Boa noite.

Por Notícias ao Minuto

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