Com o aumento da pressão contra os altos preços dos combustíveis, o governo voltou a prometer medidas para tentar conter a escalada. Nesta sexta-feira (18), o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, disse que uma das alternativas é rever a carga tributária sobre os produtos.

Diante da alta do preço do diesel, os caminhoneiros agendaram para a próxima segunda-feira (21) uma paralisação geral em todo o país. Eles pedem a eliminação de alíquotas de impostos cobrados na venda de diesel à categoria.

"O aumento constante do preço nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o óleo diesel tornou a situação insustentável para os transportadores autônomos", diz a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam).

Nesta sexta, a Petrobras anunciou novos aumentos no preço da gasolina e do diesel, que subirão 0,8% e 1,34% a partir deste sábado (19). Assim, os dois produtos renovam máximas nas refinarias desde que a estatal passou a anunciar reajustes diários, em julho de 2017.

"Está subindo demais", disse Moreira Franco, após participar de evento da Associação Comercial do Rio de Janeiro. "O imposto é muito alto e temos de repensar essa questão", afirmou, citando PIS, Cofins e ICMS.

Em julho de 2017, o governo federal aumentou as alíquotas de PIS e Cofins na gasolina e no diesel para compensar perdas de outras receitas. Já o ICMS vem sendo reajustado praticamente todos os meses desde então.

Com projeção de déficit de R$ 129 bilhões nas contas, o governo pode ter dificuldades para justificar corte na carga tributária.

A grave crise financeira dos estados é outro obstáculo para uma proposta de revisão dos impostos.

No início do ano, quando o petróleo caía, Moreira Franco chegou a apontar distribuidoras e postos de combustíveis como responsáveis por não repassar os ganhos ao consumidor. Agora, além de mirar nos tributos, disse que vai chamar a Petrobras à mesa para discutir os preços.

"É uma questão do governo. Mas a Petrobras, como um elemento importante, fornecedor de um bem fundamental, tem de dar a sua experiência, a sua contribuição, a avaliação da realidade para que possamos ter uma política de preços que seja mais justa", disse ele.

O ministro não quis detalhar, porém, se as conversas com a estatal incluirão algum tipo de revisão na política comercial da companhia.

"Vamos discutir", disse Moreira Franco, quando questionado sobre essa possibilidade.

A política atual é uma das bandeiras da gestão Pedro Parente, que assumiu a Petrobras em junho de 2016 após receber garantia de que teria autonomia sobre os preços.

Desde outubro daquele ano, os preços da gasolina e do diesel vendidos pela estatal acompanham as cotações internacionais e a variação do câmbio. Em julho de 2017, a empresa passou a realizar reajustes diários.

"Seria um retrocesso se o governo voltasse a usar a Petrobras para segurar os preços", disse o professor Edmar Almeida, do Instituto de Economia da UFRJ, para quem a independência da estatal será testada nos próximos meses.

"Primeiro, vamos ver se o governo atual vai resistir à tentação da solução mais fácil. E, segundo, se o próximo governo manterá a política."

Para Almeida, o crescimento da arrecadação de impostos provocado pela alta do petróleo abre margem para a redução da carga tributária sobre os combustíveis.

A escalada do petróleo reflete incertezas geradas pela saída do Estados Unidos de acordo que eliminou embargos comerciais ao Irã, quinto maior exportador mundial, e pela queda na produção venezuelana.

O ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, disse que entrou em contato com outros países produtores para "coordenar uma ação global para conter a ansiedade no mercado de petróleo".

Em uma rede social, ele defendeu que os países produtores estão comprometidos com estabilidade dos preços. 

Com informações da Folhapress

Receba notícias do Jacobina Notícias pelo nosso Instagram e fique por dentro de tudo! Também basta acessar o canal no Whatsapp e no Google Notícias.

Postagem Anterior Próxima Postagem