A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (6), em São Paulo, Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da empresa paulista de infraestrutura rodoviária, a Dersa, apontado como operador do PSDB e acusado de desvio de recursos públicos durante obras do governo tucano no estado de São Paulo entre os anos de 2009 e 2011, durante os governos de José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin.
Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, foi preso em casa e foi sendo levado para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. A Justiça Federal determinou a prisão preventiva de Paulo Vieira de Souza e autorizou busca e apreensão em sua residência.
O advogado Daniel Bialski, que defende o ex-diretor da Dersa, disse que desconhece o motivo da prisão. Em nota, os advogados Bialski e José Roberto Santoro afirmam: "A defesa do engenheiro Paulo Vieira de Souza informa que a prisão do ex-diretor de Engenharia do Dersa nos governos Geraldo Alckmin e José Serra NÃO tem qualquer relação com a Lava Jato. Foi decretada no âmbito de processo sobre supostas irregularidades ocorridas em desapropriações para construção do Rodoanel Sul. No entendimento da defesa, trata-se de uma medida arbitária, sem fundamentos legais, além de desnecessária diante do perfil e da rotina do investigado, sempre à disposição da Justiça".
Em nota, o PSDB afirmou: "O PSDB de São Paulo não manteve, em tempo algum, qualquer vínculo com o sr. Paulo Vieira de Souza. O partido mantém seu total apoio às investigações e espera que o caso seja elucidado o mais rapidamente possível e os culpados, punidos de acordo com a lei".
O senador José Serra foi procurado e sua assessoria disse que ele não vai comentar a prisão de Vieira.
José Geraldo Casas Vilela, funcionário da Dersa, também teve a prisão preventiva decretada. a PF não encontrou ele em casa esta manhã. advogados disseram à PF que ele vai se apresentarainda nesta sexta-feira.
A defesa de José Geraldo Casas Vilela, informou que seu cliente se apresentou à Policia Federal no fim da manhã desta sexta-feira (6) e está sendo encaminhado para audiência de custódia na Justiça Federal. De acordo com a defesa, a prisão é desnecessária e ilegal, dada por uma suposta ameaça ocorrida em 2015. "Não tem o menor sentido prender uma pessoa hoje por uma suposta ameaça ocorrida há três anos", diz o advogado Fernando Araneo.
Denúncia
No dia 22 de março, a força tarefa da operação Lava Jato em São Paulo ofereceu denúncia contra Souza e mais 4 suspeitos de desviar R$ 7,7 milhões de 2009 a 2011 (valores da época) de obras públicas.
Em nota, a Dersa e o Governo Alckmin disseram que "foi um processo de auditoria interna que levantou parte relevante das informações que integram a denúncia do Ministério Público em que se baseiam as prisões efetuadas hoje. Desde 2010 Paulo Vieira de Souza não ocupa cargo na Dersa, tendo sido diretor de Relações Institucionais entre julho de 2005 e maio de 2007 e diretor de Engenharia de maio de 2007 a abril de 2010. Comprovada a existência de desvios pela Justiça, o Estado de São Paulo buscará ressarcimento aos cofres públicos. É, portanto, o grande interessado no esclarecimento dos fatos.".
A denúncia
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, Paulo Vieira de Souza comandou o desvio de dinheiro como o destinado ao reassentamento de desalojados por obras do trecho Sul do Rodoanel, o prolongamento da avenida Jacu Pêssego e a Nova Marginal Tietê, na região metropolitana de São Paulo.
Paulo Preto e os outros 4 suspeitos foram denunciados pelo MPF pelos crimes de formação de quadrilha, inserção de dados falsos em sistema público e peculato, que é a apropriação de recursos públicos.
A denúncia foi feita após uma investigação iniciada no Ministério Público Estadual de São Paulo pelos desvios de apartamentos e de pagamentos de indenizações. Durante as investigações, a Promotoria da Suíça informou que Souza mantinha o equivalente a R$ 113 milhões em contas fora do Brasil.
Paulo Vieira de Souza foi diretor da estatal que administra as rodovias em São Paulo entre 2005 e 2010. Os procuradores pediram a quebra do sigilo bancário dele. Além de autorizar a suspensão do sigilo, a juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, determinou o bloqueio dos eventuais saldos que existam nas contas dele no exterior.
Os documentos suíços revelaram que o dinheiro estava em quatro contas bancárias, abertas em 2007, por uma offshore sediada no Panamá, cujo beneficiário é Paulo Vieira de Souza e que, em fevereiro de 2017, o dinheiro foi transferido da Suíça para um banco nas Bahamas.
A juíza diz que há fortes indícios dos crimes de peculato e falsidade ideológica, bem como o enriquecimento injustificado.
Fonte: G1