“Uma noite de terror”. Com essas palavras, uma moradora de Catu, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), descreveu as primeiras horas na madrugada desta Sexta-feira Santa (30), na cidade. Por volta das 3h30, ouviram os primeiros estrondos. Entre tiros e bombas, o barulho seguiu, quase de forma ininterrupta, até pouco depois de 4h10. 

Nesse intervalo de tempo, quatro agências bancárias na cidade foram atacadas – Bradesco, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal, todas localizadas no Centro da cidade. De acordo com a Polícia Militar, uma casa lotérica também foi afetada e fachadas de diversos estabelecimentos comerciais foram atingidas por disparos de arma de fogo. Os bandidos deixaram artefatos explosivos nos locais atacados.


Segundo a Polícia Civil, pelo menos 17 homens fortemente armados bloquearam vias de acesso ao município, usando carros incendiados e miguelitos. Os criminosos arrombaram as quatro agências bancárias e duas lojas de eletrodomésticos. A maioria dos ataques aconteceu na Rua Desembargador Pedro Ribeiro, que reúne as quatro agências. Uma moradora contou que acordou com o barulho, logo por volta das 3h30. 

“Foi muito explosivo e muito tiro, muito tiro. Eram gritos de ‘vumbora, vumbora’. Pareciam ser muitos (suspeitos). Ficamos eu, minha mãe e meu pai trancados em casa, com medo do que poderia acontecer. Tinha dois carros da família do lado de fora e tivemos medo de usarem para fugir”, diz ela. 

Outra moradora que não quis se identificar contou que se escondeu no banheiro durante todo o período dos estrondos.

“No início, achei que eram fogos. Estava sozinha em casa, pensei ‘daqui a pouco vem uma bala para cá’. Fiquei lá até ver se acabavam os tiros. Eram muitas rajadas, seguidas sempre de um estrondo e de alarme disparando, acho que dos bancos”. 

A funcionária pública Maria das Neves dos Santos, 58, estava acordada no momento em que escutou os primeiros tiros. Ela mora numa rua que fica no fundo dos bancos Bradesco e Caixa. Segundo ela, de imediato, veio uma rajada de tiros.

"A cidade agora está um silêncio total, mas já passou um helicóptero e tem muitas viaturas. Tem viatura aqui na esquina de casa. Eu sou hipertensa, minha pressão subiu e tive que tomar três remédios. Foi aterrorizante. Estou com o corpo trêmulo até agora”. 

Bombas que falharam

Ainda de acordo com a Polícia Civil, os bandidos levaram dinheiro apenas de uma das agências bancárias e de um correspondente bancário de uma das lojas. Equipes do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco),  da 2ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin) de Alagoinhas, do Departamento de Polícia Técnica (DPT) e da Polícia Militar trabalham na apuração dos fatos e na busca dos bandidos.

Desde cedo, policiais militares da Companhia Antibombas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estiveram no local para fazer a retirada de artefatos explosivos. De acordo com o capitão Érico Carvalho, comandante da Companhia Antibombas, os bandidos deixaram quase 20 quilos de explosivos na cidade. Não é possível, no entanto, dizer quantos explosivos foram usados na ação. 

“Esses explosivos falharam. Eles tentaram acionar, mas o explosivo não funcionou. Esses foram todos encontrados na agência do Banco do Brasil. Das quatro agências que eles atacaram, em nenhum, conseguiram abrir o cofre”, explicou, por telefone. 

Ainda segundo o capitão, as bombas que falharam foram removidas e também estão sendo trazidas para a capital. A partir daí, uma parte será encaminhada para perícia do DPT, enquanto o restante será destruído. 

Equipes da Companhia de Emprego Tático Operacional da 95ª CIPM (Catu), das Companhias Independentes de Policiamento Especializado Polo e Litoral Norte, da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT) e da Rondesp RMS estão na cidade fazendo diligências para tentar encontrar os criminosos. 

Fonte: Correio

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