Nesta segunda-feira, 26, nossa redação recebeu um e-mail enviado por várias pessoas no qual, segundo os cidadãos, está expressa uma carta aberta do Dr Ricardo, no qual o médico relata a sua versão sobre o caso denunciado pelo Sr Sandro de Oliveira Santos, esposo de Mariclea Araújo de Oliveira Santos, de 29 anos, quando na oportunidade ele acusava o Hospital Municipal Antônio Teixeira Sobrinho de erro no diagnóstico da data do nascimento de seu filho, que culminou na morte da criança ainda na barriga da mãe.
Mesmo com a nota não sendo encaminhada por seu autor a nossa redação, e tendo duras críticas ao nosso site, decidimos publica-la em sua íntegra, pois como o texto se intitula "CARTA ABERTA À POPULAÇÃO DE JACOBINA E REGIÃO", e a denúncia veio à tona em nosso portal, acreditamos que é justo que os milhares de internautas que nos acessam diariamente também tenham acesso a ela, ma mesma monta que tiveram acesso a matéria, fazendo jus ao direito de resposta ao médico citado pelo pai da criança, como mostra a entrevista em vídeo concedida por Sandro de Oliveira. Portanto, segue abaixo a nota na íntegra.
CARTA ABERTA À POPULAÇÃO DE JACOBINA E REGIÃO
Diante da celeuma criada por uma matéria de um blog que acabou tendo repercussão muito negativa, inclusive envolvendo o meu nome, venho me dirigir às únicas pessoas devo esclarecimetos: a população de Jacobina e região. A matéria em si é recheada de calúnias, pois foi redigida de forma a se obter repercussão a todo custo sem se importar em ouvir a verdade, pois não daria o ibope desejado.
Atemos aos fatos: a paciente M.A.O. foi atendida no dia 14/02/2018, numa quarta feira, por Dr Gileno, ela estava assintomática e foi calculada a idade gestacional baseada na primeira ultrassonografia realizado no prá-natal estando com 37 semanas. A média de uma gravidez é de 40 semanas, podendo aguardar o trabalho de parto até as 42 semanas (de acordo com a OMS), como a paciente estava assintomática e não existia nenhum fator de risco, a mesma foi orientada a retornar para casa e aguardar as contrações. No dia 19/02/2018 foi atendida por Dr Péricles com quadro de dor pélvica, porém não foi constatado o trabalho de parto pois não havia contrações e tão pouco a dilatação cervical, porém adotou-se a conduta de medicar com analgésico e observar por algumas horas, a paciente melhora o quadro da dor, fica sem queixas nenhuma e mesmo assim foi realizado ultrassonografia no mesmo dia que evidenciou feto com 37 semanas e 5 dias sem nenhuma anormalidade ao exame, mesmo assim foi disponibilizado a opção de ser internada para observar durante a noite se iria entrar em trabalho de parto ou não, já que a paciente mora em um distrito do município, longe do horpital. A mesma recusou o internamento naquele momento e combinou com Dr Péricles o agendamento da cesária eletivamente no dia 23/02/2018 (seta-feira), pois a mesma relatava uma história obstétrica ruim em gravidez anterior, sendo então liberada para sua residência. A paciente retorna às 14:00h do dia 22/02/2018 (quinta feira) sendo prontamente atendida por mim com queixa de ausência dos movimentos fetais há 12 horas e não consegui auscultar os batimentos cardíacos fetais, sendo solicitado uma ultrassonografia, porém o serviço de ultrasson não funciona à tarde e o médico responsável Dr Helton não se encontrava mais no hospital, feito contato com o mesmo e esse se disponibilizou retornar à noite para realização do exame que foi obtido por volta das 20:00h, quando
confirmou o óbito fetal, sendo a paciente e sua acompanhante devidamente informadas do ocorrido, sendo internada para realização de exames laboratoriais e possivelmente indução do parto (em toda a literatura médica indica parto natural para óbito fetal quase que absoluta, sendo a cesária uma indicação em raros casos). Durante a noite a paciente entrou em trabalho de parto espontaneamente tendo parto natural no final da manhão da sexta-feira e constatado que o cordão umbilical estava dado 3 voltas em torno do pescoço (fato que pode ter levado ao óbito), tal situação não é diagnosticada com ultrassonografia convencional.
Diante do fato exposto fica claro que não houve erro de cálculo da idade gestacional como titulou a matéria, tão pouco negligência médica ou descaso à assistência e apenas atendi a referida paciente quando essa chegou aos meus cuidados já com óbito fetal.
De acordo com um parecer do CREMEB diz :
Para a caracterização do fator ou fatores que determinaram o óbito fetal, julgamos ser indispensável o estudo histopatológico da placenta ( para a pesquisa das infecções congênitas ou de outras patologias feto-placentárias, como os infartos placentários, a hidropsia, etc.), bem como a necrópsia do feto para avaliar, principalmente, a presença de malformações congênitas que possam ser responsabilizadas pelo decesso fetal (a exemplo das malformações cardíacas, ou outras lesões em órgãos vitais que possam denunciar, por exemplo, um estado de anóxia fetal precedente ao óbito, nos casos de sofrimento fetal agudo). A não realização do estudo histopatológico da placenta e da necropsia fetal tornam o diagnóstico da causa mortis apenas especulativo, jamais de certeza.
Com isso registro meu repúdio à todo órgão de imprensa que sem escrúpulos num momento de dor de uma família expõe suas vidas sem autorização e além disso faz matérias caluniosas com único intuito de polemizar e aterrrorizar, por que isso dá ibope, sem ouvir a verdade que não é interessante, joga a imagem de profissionais num tribunal da opinião publicada, onde são julgados e condenados sumariamente e sem direito à ampla defesa.
“uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo da verdade ter oportunidade de se vestir”. (Sir Winston Churchill)
Dr. Ricardo Valois Ferreira - Médico obstetra do Hospital Municipal Antônio Teixeira Sobrinho
NOTA DA REDAÇÃO
Em tempo, sobre as acusações feitas à redação do Bahia Acontece, queremos deixar claro que, no mesmo dia da denúncia tentamos obter uma declaração da direção do HMATS, mas esta se negou a falar. To tocante a citação de que "A matéria em si é recheada de calúnias", salientamos que seu conteúdo é integralmente baseado no depoimento dado pelo pai do feto morto, como mostra a entrevista acima. Nenhuma vírgula foi acrescentada ao que o pai disse na gravação, gravação que deixa claro também que ouvimos o pai da criança, pois fomos acusados no momento em que tentamos falar com a direção do hospital de não ter nem mesmo falado com o pai da criança, e sim com seu cunhado, e que a matéria não tinha sequer a autorização dos familiares para ser publicada. Creio que o vídeo deixa tacitamente claro que isto não tem fundamento.
Portanto, queremos reafirmar que cumprimos com nosso papel de imprensa ao dar voz a uma família que se sentia naquele momento indignada com a situação, e na mesma proporção abrimos espaço para que a instituição se manifestasse. Presamos por uma imprensa livre, sem interesses, sem subterfúgios, tendo a verdade como bandeira.
Não trabalhamos com factoides, nem sensacionalismo. Caminhamos para os dez anos de fundação com a consciência tranquila de desenvolver um trabalho sério, com uma vasta história de serviços prestados a sociedade jacobinense, no entanto, respeitamos a opinião do médico citado na matéria, apesar de não se associar a ela. Aproveitando o ensejo, continuamos a franquiar ao médico, bem como a instituição ao qual ele pertence, o devido espaço em nosso portal para qualquer esclarecimento posteriores.
Fonte: Bahia Acontece