O ex-presidente Lula voltou a criticar o Judiciário, nesta terça-feira (6), na primeira entrevista a um veículo de comunicação após sua condenação em segunda instância, 12 anos e um mês de prisão, em regime fechado, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negaram, no último dia 24, recurso dos advogados do petista contra a sentença do juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, no caso do triplex no Guarujá (SP).
Ao comunicador Geraldo Freire, da Rádio Jornal de Pernambuco, Lula não poupou críticas aos magistrados. Para ele, a condenação em segunda instância foi uma forma de "referendar a mentira" da condenação em primeira instância. "Eu fiquei pasmo, até agora sem acreditar no que aconteceu", disse Lula.
O juiz Sérgio Moro também foi duramente criticado pelo ex-presidente. "Moro inventou uma história. Isso é uma coisa messiânica, de alguém que é quase um analfabeto político", atacou.
O petista se defendeu das acusações e reafirmou que foi condenado em um processo "sem provas". "Se eles fizerem uma acusação contra mim e tiverem uma prova, eles podem me desmoralizar perante a opinião pública". "Eu acho que, na hora que vier a verdade, essas pessoas que mentiram a meu respeito tem que ser exoneradas a bem do serviço público, completou.
Lula também ironizou ao se referir ao auxílio-moradia de membros da Justiça. "Aprendi agora que o povo brasileiro, se não tiver aumento de salário, faça como o juiz Moro e peça auxílio-moradia. Como pode requerer auxílio-moradia quando o povo está perdendo o Minha Casa, Minha Vida?", disparou Lula.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de fuga, em um cenário de prisão, Lula destacou que a palavra "fuga" não existe para ele. O petista também comentou a declaração, dada há alguns dias, de que não respeita a decisão da Justiça.
"Eu não sei se onde eles nasceram têm honra. Mas quem nasce em Pernambuco tem honra. Quando eu disse que não respeito a decisão, minha bisneta, quando tiver idade, vai me acusar de covarde", subiu o tom o ex-presidente. "No Judiciário, tem gente que utiliza o seu cargo como se fosse dirigente partidário", criticou o petista.
Um dia após o julgamento no TRF-4, o juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, determinou, em caráter liminar, que Lula tivesse o passaporte apreendido. A medida foi solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF), em virtude de uma viagem que o ex-presidente faria à Etiópia, para participar de um evento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
No entanto, na última sexta (3), o juiz Bruno Apolinário, ocupando a função de desembargador convocado no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), mandou devolver o documento ao ex-presidente.
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