O início da caravana do ex-presidente Lula pelo Nordeste foi marcado nesta quarta-feira, 17, em Salvador, por pelo menos dois confrontos entre simpatizantes petista e grupos opositores da sigla.


Além disso, uma liminar da Justiça Federal suspendeu, horas antes da chegada dele à cidade, a cerimônia que aconteceria nesta sexta, 18, na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), em Cruz das Almas, para entregar o título de doutor honoris causa ao ex-presidente.


No momento mais tenso da passagem do cacique petista pela capital baiana, quando integrantes de movimentos sociais rasgaram até com os dentes o boneco Pixuleco, levado à região da Arena Fonte Nova por membros do MBL e do Vem pra Rua, disparos de arma de fogo foram ouvidos.


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O grupo apontado como autor dos ataques com revólver foi conduzido pela polícia para prestar esclarecimentos na Central de Flagrantes, na avenida ACM.


Minutos antes, enquanto movimentos sociais caminhavam passam pela ladeira da Fonte das Pedras em direção ao estádio, um homem que carregava uma faixa pedindo intervenção militar ao lado de outros manifestantes foi flagrado com uma arma na cintura.


Agredido com socos por petistas, que ainda rasgaram o cartaz, ele se identificou como policial civil. Em seguida, o grupo, que também defendia o deputado federal Jair Bolsonaro, foi conduzido por PMs, para evitar outro confronto.



Candidato


Dentro do estádio, após andar de metrô e ser ovacionado por uma multidão que o esperava nas estações Pituaçu e Campo da Pólvora, o ex-presidente Lula entoou um discurso típico de candidato, adotando seus bordões clássicos, como “o povo gosta de carne de primeira” e “eles se incomodam quando a empregada usa o mesmo perfume da patroa galega e anda de avião”.


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Apesar disso, recuou em relação a declarações anteriores, quando se apresentava como presidenciável, e disse que o PT “não tem candidato”, mas saberá “criar o candidato na hora certa”.


Citando os feitos das gestões dele e da ex-presidente Dilma, o cacique petista endureceu o tom ao citar, principalmente, o DEM, partido do prefeito ACM Neto e do vereador Alexandre Aleluia, autor da ação que tenta impedir a entrega do título de honoris causa.


“Ele tem o direito de não gostar de mim, porque ele é do DEM. E quem é do DEM não precisa gostar de mim, porque eu não gosto deles também. Não gosto por questões pessoais, por divergência ideológica e de concepção de país”, atacou, inflamando a plateia, que o interrompeu com gritos de “Fora Temer e leve ACM”.



Lava Jato


Durante o ato político, que marcou oficialmente a inauguração da terceira fase do Memorial da Democracia do Instituto Lula, o ex-presidente recebeu no palco beneficiários de programas sociais. Estavam no evento a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o senador Lindberg Farias, o governador da Bahia, Rui Costa, o ex-ministro Jaques Wagner, reitores de universidades criadas pelo governo Lula, deputados e outras autoridades.


No começo do discurso, o presidente citou a Operação Lava Jato, dizendo que Gabrielli era perseguido. A força tarefa, que levou à condenação do ex-presidente no caso do triplex do Guarujá, pode inviabiliza-lo na disputa eleitoral caso a sentença do juiz Sérgio Moro seja confirmada pelo TRF-4. “Tenho prestado depoimento e dito que me orgulho de ter escolhido pessoalmente o Gabrielli”, disse.


Por Yuri Silva

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