Quinze policiais rodoviários federais e quatro empresários foram presos após serem investigados em crimes relacionados a pagamentos de propina em rodovias do Triângulo Mineiro. A operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) , com apoio da Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU), foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (22) em Uberlândia para cumprimento de mandados de prisão e apreensão. Os nomes dos investigados não foram divulgados pelas autoridades policiais.
Durante a manhã, concederam entrevista à imprensa o delegado-chefe da Polícia Federal de Uberlândia, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, o representante da Corregedoria-Geral da PRF, Célio Constantino da Costa, e o superintendente da CGU em Minas Gerais, Bruno Barbosa Cerqueira Alves.
De acordo com Constantino, os policiais serão ouvidos pelo delegado de Uberlândia e, em seguida, levados para um presídio de Belo Horizonte enquanto são finalizados os inquéritos policiais e procedimentos administrativos. “Nós estamos instaurando os processos administrativos disciplinares e aqueles servidores que, efetivamente, as provas forem confirmadas serão demitidos da instituição ao final do processo”, disse.
As investigações começaram há sete meses depois que a Corregedoria da PRF em Brasília recebeu a denúncia. Em seguida, foi instaurado inquérito pela Delegacia Federal de Uberlândia.
A CGU informou que participou de análise da movimentação financeira e evolução patrimonial dos acusados, relação destes com outras pessoas físicas e jurídicas, além de fornecer levantamento de indícios de ilícitos administrativos.
Operação 'Domiciano'
A 2ª Vara Criminal de Uberlândia expediu 19 mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão, que foram cumpridos nesta manhã em Uberlândia, Araguari, Monte Alegre de Minas, Canápolis, Centralina, Delfinópolis e Itumbiara (GO).
De acordo com a PF, os investigados solicitavam propina dos usuários das rodovias que trafegavam de forma irregular, deixando de aplicar multas. Enquanto isso, empresários dos ramos de seguros, guincho e pátio eram beneficiados no esquema ao obter vantagens na relação com os policiais acusados, sendo priorizados para atendimento de acidentes e ocorrências, com o objetivo de ter lucro fácil.
Participaram do cumprimento de mandados aproximadamente 140 policiais rodoviários federais, 60 policiais federais e sete auditores da CGU.
A operação foi nomeada como "Domiciano" em referência ao antigo imperador romano do século I, Tito Flavio Domiciano, que entrou para história pela intolerância com a corrupção no império romano.
Crimes diversos
A maioria dos policiais presos tinha mais de 20 anos de carreira na corporação. A Polícia Federal explicou que, em alguns casos, os policiais cobravam a propina ao abordar os caminhoneiros nas rodovias ou os veículos eram removidos aos "pátios parceiros". As vítimas no suposto esquema pagavam os valores aos pátios, que repassavam parte do dinheiro aos policiais rodoviários. O proprietário de uma das empresas é de Monte Alegre de Minas e também foi preso.
Em outras situações, funcionários de empresas de guincho iam até o trecho das abordagens para auxiliar na remoção dos veículos configurando vantagem ilícita.
A polícia esclareceu, ainda, que os envolvidos não formaram uma única quadrilha. Os crimes foram cometidos de forma isolada e alguns policiais eram reincidentes, sendo denunciados em mais de 30 delitos no período das investigações.
Todos foram encaminhados à PF e serão indiciados por vários crimes , entre eles, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Outras pessoas serão ouvidas pelo delegado e os inquéritos desmembrados para depois serem remetidos à Justiça Federal.
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