O auxiliar industrial Alexandre de Jesus Silva, 28 anos, morto dentro de um ônibus em Nazaré, na região do Aquidabã, já tinha sido assaltado seis vezes, antes do roubo que aconteceu nesta quinta-feira (25). De acordo com a família, o último assalto aconteceu há oito meses, perto da casa dele, no bairro de Alto de Coutos, quando ele teve o celular roubado e uma arma apontada para a cabeça.


Pai de Alexandre, o jardineiro Antônio Jorge Silva, 60, esteve no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), na manhã desta quinta-feira (25), para liberar o corpo do filho. Ele contou ao CORREIO que acredita que Alexandre tenha escondido o celular dos assaltantes porque estava traumatizado com o roubo. “A última vez foi há oito meses, quando ele tinha comprado um celular caro. Ele tinha saído pra trabalhar, por volta das 4h30, quando um homem abordou ele e pediu a mochila. Ele disse que só tinha uma marmita dentro, aí o ladrão viu o celular e atirou duas vezes, mas a arma falhou”, lembrou o pai.


Ainda de acordo com Antônio, o filho pegava a mesma linha de ônibus todos os dias para ir ao curso técnico de Segurança do Trabalho, na Eteba, em Nazaré - onde estudava há um ano. Como já conhecia o cobrador, Alexandre teria entregue o celular para que ele escondesse. Os assaltantes já estavam indo embora quando flagraram o auxiliar industrial pegando o aparelho de volta.


Por isso, segundo o pai, a dupla teria voltado e atirado na vítima. No entanto, de acordo com a polícia, Alexandre pegava o troco do ônibus com o cobrador quando foi baleado. “Ele entregou o celular para o cobrador e os caras não viram. Quando já estavam descendo do ônibus, o cobrador devolveu o celular, os bandidos voltaram e, com raiva, atiraram”, contou o jardineiro, emocionado. As câmeras do ônibus, que podiam ter registrado a ação, estão quebradas, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).



Jogo do Bahia

Conforme Antônio, ele reconheceu o filho por fotos que circularam no WhatsApp, nas quais ele aparece usando uma camisa do Bahia e um boné. O pai contou que o filho, torcedor fiel, combinou que iria voltar para casa para assistir a final do Nordestão na TV, depois que fizesse uma prova no curso. "Ele não teria ido se não fosse essa prova. Era muito dedicado aos estudos, queria ser alguém na vida", acrescentou.


Acompanhado de dois sobrinhos, Antônio lembrou que perdeu a mãe, avó de Alexandre, há dois meses. "Duas grandes perdas. Meu menino era um anjo, nunca me deu trabalho, nunca precisei dar uma palmada nele. Sempre foi trabalhador, sempre correu atrás do que queria e nunca se envolveu em nada errado”, lamentou o pai.


Além do auxiliar industrial, o jardineiro tem duas filhas gêmeas. "Minha mulher está arrasada, já desmaiou uma cinco vezes, está à base de calmantes".


Prima de Alexandre, a jornalista Marília Cristina Silva, 34, espera que o crime seja resolvido com brevidade e que a justiça seja feita. “O triste de tudo isso é a gente saber que um familiar nosso, que era trabalhador, que nunca fez nada errado, que não era um pai de família, mas era primo, sobrinho, neto, morreu e que quem matou não vai ficar preso, porque a nossa justiça não existe, eu não acredito”, desabafou ela.


O enterro de Alexandre vai acontecer nesta sexta-feira (26), às 10h, no Cemitério da Quinta dos Lázaros.


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