Com apenas 9 anos, Augusto Lucciola Neto deu um show de solidariedade quando convenceu os pais a doarem um sítio para a realização de um projeto que resgata mulheres em situação de rua e dependência química.
Era uma manhã de domingo, na igreja batista frequentada pela família do menino, quando o pastor Raphael Schotelaro apresentou o projeto Cristolândia Bahia, criado há três anos, mas que necessitava de um abrigo voltado para a mulher. Após exibir fotos e slides, o pastor pediu aos presentes que pudessem ajudar que se pronunciassem.
Comovido, o garoto perguntou à mãe, a engenheira civil Judite Lucciola, se ela queria falar, e ela respondeu que não. Mas Augusto insistiu e pediu para ela acompanhá-lo até a frente. Os dois sentaram-se na escadaria e, naquele momento, o menino começou a chorar, sentindo compaixão por aquelas pessoas. Chorou durante todo o final da pregação.
Judite conta que, ao chegar em casa, Augusto insistiu para que os pais ajudassem e sugeriu a doação de um imóvel da família no centro de Monte Gordo, em Camaçari (Grande Salvador). O sítio estava fechado há anos, em um espaço de oito mil metros quadrados.
Pedido
"Ele falou comigo que eles precisavam de um espaço, e nós tínhamos e nem usávamos. Falou de uma forma tão convicta que ficamos sem saída", lembra a mãe.
"Conversamos com o pastor e fomos ao local para ver se atendia à demanda do projeto. A casa estava abandonada, reformamos e acrescentamos outra ala de quartos. Agora estamos aguardando o alvará de funcionamento da prefeitura de Camaçari", acrescentou Judite.
Hoje, estão sendo feitas reforma e ampliação da primeira etapa, para atender, inicialmente, 24 mulheres, com previsão para ser inaugurada em maio. Obra que Augusto acompanha sempre que possível.
O garoto relembra do momento na igreja. "Eu fiquei comovido com aquelas pessoas necessitadas, falei para meus pais que não era justo só os homens serem abrigados. Eles questionaram como iriam investir em uma nova casa, se já tínhamos a nossa em reforma. Fiquei pensando no que poderíamos fazer e, assim que acabou a reforma da nossa casa, investimos na Casa Rosa [nome dado à nova sede do projeto]".
"Surpresa de Deus"
Para o pastor Schotelaro, a iniciativa de Augusto foi uma "grande surpresa". A Bahia só tinha abrigo masculino, e há três anos havia a necessidade do lar feminino. "A nossa oração era essa, que Deus nos abençoasse de alguma forma. E, para minha surpresa, porque Deus sempre nos surpreende, veio por uma criança, com coração amoroso, que ali sentiu que deveria doar. Foi uma iniciativa incrível, uma cena que marcou toda a igreja, que junto com o Augusto chorou".
A Tarde
Postar um comentário