Se as condições de preço, horário ou da cidade escolhida não foram as ideais para que o estádio estivesse cheio, se o dinheiro arrecadado para a Chapecoense pudesse ter sido de maior valor, se houve deslizes no comportamento dos que foram ao Engenhão, se a seleção não teve uma atuação brilhante ou se o presidente da CBF novamente se furtou a aparecer publicamente quando deveria, importa menos. O Jogo da Amizade entre Brasil e Colômbia, na noite desta quarta-feira, no Engenhão, merece ser lembrado como mais um gesto de solidariedade e homenagem pelo maior desastre do futebol brasileiro. O palmeirense Dudu fez o único gol da partida.
O amistoso teve um primeiro tempo morno, reverências aos jogadores sobreviventes da tragédia, que foram ao estádio, e uma vitória que recoloca o Brasil, depois de sete anos, na liderança do nem tão prestigiado ranking da Fifa. Como já se previa desde o início da semana, o público não foi grande (quase 19 mil pessoas). Numa cidade em crise financeira e de violência, é até compreensível a ausência de muitos torcedores, mas houve reprovação também pelo comportamento de quem foi ao Engenhão.
Na arquibancada, o início da partida foi protagonizado por provocações clubistas entre rivais. Uma situação natural em se tratando de um raro jogo da seleção apenas com atletas que atuam no país, mas que talvez não fosse o mais desejado num amistoso algo solene. Mas foi inevitável com a presença de Willian Arão como titular, atuando no estádio do Botafogo, clube que ele deixou de maneira litigiosa para jogar no Flamengo. Às vaias alvinegras, a turma rubro-negra respondia com provocações. Depois, prevaleceram os gritos de incentivo e o já tradicional “vamos, vamos Chape”.
DUDU SE DESTACA
Em campo, tendo feito apenas um treino antes da partida, Tite formou o time usando o mesmo 4-1-4-1 da seleção titular. Era esperado que um grupo de jogadores que jamais havia se reunido sofresse com o desentrosamento. Foi o que ocorreu. Para quem assistia à partida pela TV Globo, o entrosamento foi total entre Galvão Bueno e Rafael Henzel, o único sobrevivente entre os 22 jornalistas no voo da Chapecoense, que narraram juntos boa parte do jogo numa tabelinha emocionante, e inédita em jogos da seleção ao menos nas últimas décadas.
Antes do intervalo, o Brasil só teve chance de marcar quando Diego Souza, atuando como centroavante, recuou e deu bom passe para o ponta Dudu, que entrava em diagonal mas não conseguiu concluir bem. A Colômbia ainda acertou a trave em cabeçada de Uribe.
O gol sairia logo no primeiro minuto do segundo tempo. Após tabelinha entre os corintianos Fagner e Rodriguinho, o palmeirense Dudu, destaque individual brasileiro na partida, marcou no rebote.
Tite fez as seis substituições a que tinha direito. Já sem Arão em campo, o Flamengo passou a ser representado com Diego e Jorge, que entraram no intervalo, e por Cuéllar, na Colômbia. Perto de fechar com o Flamengo, o colombiano Berrío entrou no segundo tempo, e chamou atenção ao perder um gol na cara, já aos 43 minutos. O tricolor Gustavo Scarpa e o alvinegro Camilo entraram no decorrer da segunda etapa e tiveram boa participação, se entendendo bem com Diego. O vascaíno Luan ficou no banco.
No fim, festa justa e bonita, e a sétima vitória em sete jogos de Tite na seleção.
BRASIL 1 X 0 COLÔMBIA
Local: Estádio Nilton Santos (Engenhão), Rio de Janeiro
Árbitro: Jorge Ignacio Baliño (ARG)
Auxiliares: Lucas Andres Germanotta e Gabriel Alfredo Chade (ARG)
Público/renda: 18.695 pagantes / R$ 1.219.675,00
Cartões amarelos: Geromel e Lucas Lima (BRA), Abel Aguilar (COL)
Gol: Dudu - 1'/2°T (1-0)
BRASIL: Weverton; Fagner, Geromel, Rodrigo Caio e Fábio Santos (Jorge - intervalo); Walace, Willian Arão (Rodriguinho - intervalo) e Lucas Lima (Gustavo Scarpa - 23'/2°T); Dudu (Camilo - 33'/2°T), Robinho (Diego - intervalo) e Diego Souza (Luan - 17'/2°T). Técnico: Tite.
COLÔMBIA: David González; Bocanegra, Felipe Aguilar, Tesillo e Farid Díaz (Balanta - 16'/2°T); Abel Aguilar (Cuéllar - 23'/2°T), Mateus Uribe e Macnelly Torres (Montoya - intervalo); Copete (Hernández - 16'/2°T), Borja (Rangel - 23/2°T) e Téo Gutiérrez (Berrío - intervalo). Técnico: José Pekerman.
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