O homem que foi levado à 11ª Delegacia (Tancredo Neves) nesta quarta-feira (19) depois de ser flagrado com uma seringa na Estação Pirajá foi ouvido e liberado em seguida, segundo a Polícia Civil.
Roque Santos do Carmo, 38, foi abordado por um segurança da estação que o notou sentado segurando uma seringa no interior da estação. A 48ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) foi acionada para conduzir o homem à delegacia.
De acordo com familiares e vizinhos, que moram no Calabetão, Roque é morador de rua e sofre de transtornos mentais. A família esteve na delegacia para apresentar os laudos médicos e documentos do homem preso confundido com o suposto "maníaco da seringa". "Eu estava colocando o almoço quando vi a história passando na televisão. Na hora, tomei um susto, pensei que tinham matado ele, larguei a comida em cima da cama", conta a irmã, Solange Santos de Oliveira, 42.
Veja um mapa com os locais dos ataques - clique nas seringas para ter mais informações:
[googlemaps https://www.google.com/maps/d/embed?mid=1O3lCFHHw4Ge5Aw_LVRJhI5yLGNc&w=640&h=480]
Ao delegado Israel Aristides de Carvalho, o homem disse que encontrou a seringa, que estaria com café, no lixo. No depoimento, o morador de rua disse ainda que não pretendia atacar ninguém na estação. Duas mulheres que estavam na plataforma da estação também foram ouvidas na delegacia e negaram ter visto o homem fazer menção de atacar qualquer pessoa. "Nós não sabemos se existe de verdade um maníaco da seringa, a verdade é que por causa disso ele corre risco de ser linchado, ele é uma pessoa doente", disse o delegado.
Segundo a irmã, Roque, que gosta de dormir no metrô, sofre de epilepsia, come lixo e fezes e, algumas vezes, bebe a própria urina. De acordo com os laudos mostrados ao Correio, ele foi internado pelo menos duas vezes no Sanatório São Paulo; uma em março de 2005, quando foi paciente por pouco mais de um mês e outra em fevereiro de 2006. Ainda conforme Solange, por ter boa índole, o irmão não fica internado por muito tempo nos hospitais psiquiátricos e acaba voltando para as ruas.
No dia anterior, Solange viu o irmão tomando café na seringa e brincou com ele. "Olhe você com essa seringa aí pra depois o povo não dizer que você é o maníaco", lembra. "Ele é igual a uma criança, na hora só fez rir", conta. A seringa apreendida foi encaminhada ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) e passará por perícia.
Entre os laudos também estava um do Hospital Geral do Estado (HGE), de novembro de 2015, quando ele foi atendido por ter levado um tiro de um segurança da obra do metrô, quando tentava pular a cerca para dormir no local. Na delegacia, Roque foi apresentado à imprensa, estava assustado, com ferimentos e tremendo.
Ao verem o caso na televisão, moradores do bairro da família começaram a ligar para a delegacia para desmentir o boato de que Roque era o suposto maníaco.
Nenhuma das pessoas que registraram queixas de ataques com seringas nas delegacias do Bonfim e Barris foi até a 11ª Delegacia para reconhecer o suspeito.
Ataques
Até o momento, quatro vítimas do "maníaco da seringa" foram identificadas e procuraram a polícia. Um motorista de ônibus foi o primeiro. No dia 18 de setembro ele registrou queixa na 3ª Delegacia por ter sido vítima de um ataque semelhante, na Ribeira. O motorista diz que parou o veículo que dirigia em um ponto quando foi perfurado na região da face por um homem desconhecido. “O cara entrou pela frente e, antes de passar o torniquete, me atacou e desceu do ônibus”, contou. Ele está debilitado devido aos efeitos colaterais do coquetel de remédios. “Me deram medicamentos para hepatite, tétano e HIV. Vou tomar 28 dias”. O rodoviário está preocupado com o conteúdo da seringa. “Não tem como não se preocupar. Vai saber o que ele colocou ali dentro”.
Um soldado do Exército denunciou o caso em seguida. Ele foi espetado no último dia 7, quando caminhava na Avenida Joana Angélica, por volta das 12h30. Ele tinha acabado de sair do trabalho, no Quartel da Mouraria. O soldado foi atacado no momento em que ele e o criminoso, que vinha em sentido contrário, se cruzaram. “Ele disse que sentiu uma fisgada no braço e se desesperou quando viu a blusa manchada de sangue na altura do ombro. Em seguida, ele viu o bandido correndo e segurando uma seringa”, contou a mãe do rapaz. O soldado foi levado por parentes ao Couto Maia instantes depois.
O terceiro caso foi ontem, envolvendo uma operadora de caixa, também na Ribeira. Ela estava em um ponto de ônibus quando foi atacada. Encostada em um poste, ela sentiu uma picada nas nádegas e, quando olhou para trás, viu um homem negro se afastando do local sorrindo e com a arma do crime nas mãos. Segundo a vítima descreveu ao Correio, ele usava uma camisa listrada nas cores branca e azul. O ponto tava cheio de crianças da Vila Militar. Eu tava encostada no poste e senti a picada. Quando olhei para trás ele me mostrou a seringa e saiu dando risada", relatou. "Senti as pernas dormentes e o local dolorido".
Por fim, uma estudante de 12 anos foi atacada na manhã desta quarta-feira (19) e é a quarta vítima do “maníaco da seringa”. Ela foi espetada na localidade de Areal, no bairro da Ribeira. De acordo com a delegada Ana Virgínia Paim, titular da 3ª Delegacia (Bonfim), a estudante passava com uma colega na Rua Aníbal da Silva Garcia, quando um homem negro, de estatura baixa e de porte atlético, espetou seu braço esquerdo e em seguida fugiu correndo.
Postar um comentário