Internado desde a última quarta-feira no Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, o soldado da Força Nacional Hélio Vieira Andrade não resistiu aos ferimentos. Oriundo do estado de Roraima, ele foi atingido na cabeça por um tiro quando, junto a outros dois colegas de farda, entrou por engano na comunidade Vila do João, no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. A informação da morte do militar foi confirmada pelo Ministério da Justiça. O militar chegou a passar por cirurgia, após ser levado até a unidade em estado gravíssimo.




[caption id="attachment_44219" align="aligncenter" width="699"]Morre soldado da Força Nacional baleado por bandidos no Rio Soldado foi baleado no Complexo da Maré, na última quarta-feira (Foto: Reprodução)[/caption]


Por meio de mensagem publicada em uma rede social, o Ministro da Justiça Alexandre de Moraes lamentou a morte do militar, no fim da noite de quinta-feira. Segundo o comunicado, a Presidência de República irá decretar luto oficial:


"Quero expressar meus sentimentos aos familiares do soldado Hélio Vieira, que sofreu um ataque covarde e, infelizmente, morreu hoje em decorrência dos ferimentos. Soldado Vieira é um verdadeiro herói do nosso País. Nosso Presidente da República, Michel Temer, decretará luto oficial pela morte de nosso herói. Honra e Dignidade aos nossos policiais.


Durante a madrugada desta sexta-feira, amigos e parentes do soldado Hélio estiveram no Salgado Filho. Abalados, eles optaram por não falar com a imprensa. Agentes da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital, que cuida do caso, também foram até a unidade. Militares da Força Nacional permanecem no hospital e reforçam a segurança.



OPERAÇÃO DEIXA UM MORTO E DOIS FERIDOS

Na manhã de quinta-feira, homens do comando de Operações Especiais da Polícia Militar e policiais federais do Rio e de Brasília ocuparam a Vila do João, no complexo de favelas da Maré, na Zona Norte do Rio. Atuaram na operação 166 policiais do Bope, BAC, GAM, BpChq e COT ( PF) nas comunidades Pinheiros, Vila do João, Conjunto Esperança e Salsa e Merengue, todas do Complexo da Maré. Segundo informações do Ministério da Justiça, a ação desta quinta-feira também atingiu homens do Exército ocuparam ainda a comunidade do Timbau.


Segundo a Polícia Civil, Igor Barbosa Gregório, de 22 anos, foi baleado e morto, durante operação das forças de segurança para prender os bandidos que atacaram uma equipe da Força Nacional. O jovem foi atingido no Morro do Timbau, onde o Exército estava atuando, segundo policiais militares. Além dele, outras duas pessoas ficaram feridas.A informação, no entanto, não é confirmada pela Coordenação Geral de Defesa de Área (CGDA), que comanda todas as operações das Forças Armadas nos Jogos Olímpicos. O coronel Mário Medina afirmou que os militares do Exército que atuavam em apoio às forças de segurança publica, não participaram de nenhuma troca de tiros com traficantes na Favela do Timbau. O comando Geral da Polícia Militar tambem negou registro de confronto e de morte nas operações do Bope.


A operação teve início às 4h da manhã com a entrada dos policiais do BOPE e conta com 3 blindados das polícias militar e federal, três aeronaves, dois cães farejadores, uma retroescavadeira, um reboque prancha e um carro comando e controle, além do Exército na comunidade do Timbau e bloqueios nas saídas da comunidade realizados pela Força Nacional.




[caption id="attachment_44218" align="aligncenter" width="699"]Morre soldado da Força Nacional baleado por bandidos no Rio Mãe e parentes do soldado deixaram o hospital durante a madrugada (Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo)[/caption]


Segundo informações da Polícia Militar, foram apreendidos na operação: quatro carros, uma pistola de ar comprimido, dois carregadores de AK 47, 68 munições de AK 47, 158 papelotes de maconha, munições de calibres variados, cerca de 400 sacolés de cocaína, 40 trouxinhas de maconha. O ministro da Justiça, Alexandre Moraes, disse, nesta quinta-feira, que a prisão de responsáveis pelo ataque à Força Nacional é obrigação.



ERRO NO TRAJETO

Quando entraram na Vila do João em um carro oficial, os agente da Força Nacional estavam usando um aplicativo de celular durante o deslocamento, erraram o caminho e, ao tentar retornar para a Avenida Brasil, ficaram próximos da comunidade e foram atacados com disparos, segundo informações da Polícia Civil. O caso foi destaque na imprensa internacional.


Na ação, o soldado Hélio Vieira Andrade, que veio de Roraima, e sonhava comprar um carro com o salário da Olimpíada, levou um tiro na cabeça e foi operado no Hospital Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu aos ferimentos. Vieira foi atingido na testa, e a bala saiu por trás.


Em um áudio que passou a circular nas redes sociais nesta quinta-feira, um suposto policial militar relata a rotina de trabalho dentro da Favela Vila do João. Segundo o homem, os policiais militares do Posto de Policiamento Comunitário (PPC) da favela, precisam pedir autorização ao tráfico local para entrar na comunidade e trabalhar. Ele revelou que eles precisam estar sem farda e ficam sob mira de fuzis dos bandidos.


A Vila do João não conta com unidades de Polícia Pacificadora (UPP).


O Globo

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