Antes de ficar grávida, a médica Thaís Maia, 24 anos, acreditava no que todo mundo dizia: “amamentar é fácil, basta o filho nascer e colocar no peito”. Até que começou a sentir muita dor e chegou a pensar em desistir de alimentar o pequeno Bernardo, hoje com quatro meses. Para não interromper o processo de forma precoce, seu marido, o administrador Gabriel Caldas, 28, entrou em ação: com Bernardo no colo, o pai fez o filhote mamar seu dedo que estava com uma pequena sonda, ligada ao leite materno armazenado.
[caption id="attachment_43932" align="aligncenter" width="620"] Diferentes mães estiveram presentes no evento que fez parte da 25ª Semana Mundial de Aleitamento Materno (Foto: Evandro Veiga)[/caption]
“Apesar de ser da área de saúde, nunca achei que fosse tão difícil...”, revelou Thaís, ontem, durante o evento Hora do Mamaço, que ocupou o Palacete das Artes, em Salvador, a partir das 15h. Dúvidas, dificuldades e experiências foram compartilhados no evento que fez parte da 25ª Semana Mundial de Aleitamento Materno. “A sociedade não está preparada para o aleitamento materno”, concluiu a médica que, após 15 dias de nascimento do filho, precisou voltar para a faculdade já que se formaria em cinco semanas e não podia abandonar o curso. Agarrada ao sorridente Bernardo e acompanhada da mãe - porque o marido não conseguiu dispensa do trabalho - Thaís era uma das cerca de 70 pessoas presentes na ação.
A Hora do Mamaço
Bate-papo com o grupo Mães na Roda, oficinas de jardinagem com o Canteiros Coletivos, contação da história com Luciana Comin e diversão com o grupo Espaço Musical fizeram parte d’A Hora do Mamaço que reuniu não só mães, mas também pais como o médico intensivista Cláudio Firmino, 34. “Esses eventos em família são importantes, porque sentimos muito a participação dos pais. É importante estarmos aqui, porque a palavra convence, mas o exemplo arrasta”, justificou Claúdio, enquanto ninava seu filho, João Cláudio, de 3 meses.
Cláudio chamou a atenção para o fato de que a vida moderna acabou “extinguindo esse momento fisiológico e natural do mamífero” e que existe um interesse da sociedade e até da indústria farmacêutica de reduzir cada vez mais o tempo da amamentação. “Ela é muito importante, porque traz o contato com a voz da mãe, com o amor incondicional e traz benefícios como a produção de anticorpos e a formação dos ossos da face”, destacou Cláudio. “Além disso, é um processo sustentável”, completou.
O tema do evento esse ano, inclusive, diz respeito à sustentabilidade da amamentação. “Esse ano a gente quer mostrar como é natural, como não agride o meio ambiente. O aleitamento vem como um alimento 100% natural, com fácil acesso para as mulheres, não vai jogar nenhuma lata na natureza. É sustentável”, explicou a psicóloga, doula e assessora em amamentação Tarsila Leão, 33 anos, que organiza a Hora do Mamaço desde 2012 com o grupo A Mama - Assessoria em Amamentação e Atenção Materno Infantil. “A gente está tentando lutar tanto pra um mundo melhor, né? Tem que começar por aí”, completou Tarsila.
Por Laura Fernandes
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