Depois de os investigadores terem conseguido desbaratar o Clube do Bilhão, cartel de empreiteiras que fraudava obras e contratos na Petrobras, a Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira a 33ª fase da Operação Lava Jato. Batizada de Resta Um, a nova fase mira a atuação da construtora Queiroz Galvão e tem como alvos os executivos Idelfonso Collares e Othon Zanoide Filho.
A Resta Um reúne informações de corrupção e fraude nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, na Refinaria Abreu e Lima e em diversas refinarias, como a do Vale do Paraíba, Landulpho Alves e na de Duque de Caxias. De acordo com a PF, a Queiroz Galvão tem o terceiro maior volume de contratos investigados no escândalo do petrolão.
Delatores e documentos recolhidos em fases anteriores das investigações apontaram que a empreiteira pagava propina às diretorias de Serviços e de Abastecimento, comandadas à época por Renato Duque e Paulo Roberto Costa. Os repasses de dinheiro sujo se aproximam dos 10 milhões de reais. Na transação para liberar dinheiro e subornar funcionários da Petrobras, a Queiroz Galvão e o consórcio repassaram milhões de dólares em propina para contas secretas no exterior. Os investigadores contam com depoimentos e comprovantes de repasses milionários feitos pelo trust Quadris, vinculado ao Quip.
CPI da Petrobras
Na 33ª fase da Lava Jato ainda há evidências de como a Queiroz Galvão atuou para atrapalhar as investigações da CPI da Petrobras instalada no Senado. Informações sobre distribuição de propina para influenciar o andamento de trabalhos de comissões de inquérito já haviam sido escancaradas quando a Polícia Federal prendeu o ex-senador Gim Argello, na 28ª fase da Lava Jato.
Naquele caso, o executivo José Antunes Sobrinho, um dos sócios do grupo Engevix, por exemplo, prestou depoimento e disse diante de Sergio Moro ter sido procurado por Léo Pinheiro, da OAS, que teria lhe feito um convite para integrar o grupo de empreiteiras que atenderiam aos pedidos de Argello por doações eleitorais. De acordo com Antunes Sobrinho, o ex-presidente da OAS citou, além da própria empresa, Toyo Setal, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Odebrecht e “uma das Galvão, ou Queiroz Galvão, ou Galvão Engenharia” como membros do grupo. Cada uma contribuiria com 5 milhões de reais ao ex-senador.
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