O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu nesta sexta-feira em Hiroshima um mundo sem armas nucleares. “Desde aquele dia, passaram-se 71 anos. Era uma manhã luminosa e nublada. A morte caiu do céu e o mundo mudou”, disse Obama depois de depositar uma coroa de flores em cerimônia de homenagem, tornando-se, assim, o primeiro presidente em exercício de seu país a visitar o local. A cidade japonesa foi atacada com uma bomba nuclear norte-americana em agosto de 1945.


Em Hiroshima, Obama defende um mundo sem armas nucleares


Logo depois de desembarcar do avião, em uma base norte-americana a cerca de 40 quilômetros da cidade, o presidente afirmou que sua visita “mostra como até mesmo a mais dolorosa divisão pode ser superada”. “Reafirmamos a aliança entre os EUA e o Japão, uma das mais importantes do mundo”, disse ele.


“A memória das vítimas de Hiroshima não deve jamais desaparecer”, pediu Obama, durante uma cerimônia em que conheceu três sobreviventes e abraçou um deles. “Manter viva a sua memória alimenta a nossa imaginação, permite que mudemos e nos dá esperança de um futuro melhor”, acrescentou.


Em Hiroshima, Obama defende um mundo sem armas nucleares


Obama se deslocou para Hiroshima a partir do parque natural de Ise-Shima, a cerca de 400 quilômetros dali, onde se realizou, durante dois dias, a reunião de cúpula de dirigentes do G7. Antes de chegar à cidade bombardeada em 1945, o presidente norte-americano se referiu à “grande aliança” entre Tóquio e Washington. Essas afirmações foram feitas diante das tropas norte-americanas na base de Iwakumi, na região oeste do país. Os EUA contam com cerca de 47.000 militares no Japão, que fazem parte de uma aliança de segurança constituída depois da Segunda Guerra Mundial. “Não devemos esquecer jamais que temos de honrar aqueles que deram tudo pela nossa liberdade”, disse o presidente diante de uma multidão de homens e mulheres uniformizados. “Tenho muito orgulho de vocês”, prosseguiu. “Esta é uma oportunidade para honrar a memória daqueles que perdemos na Segunda Guerra Mundial”.


Obama visitou o Parque da Paz de Hiroshima, onde se encontram o Museu Memorial da Paz e o “Gembaku Domu”, a cúpula que permaneceu de pé depois do ataque que arrasou a cidade, acompanhado do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. A cerimônia, prevista para as 17h30 (hora local) durou pouco menos de uma hora. Obama fez uma oferenda de flores diante do túmulo que recorda os 140.000 mortos, em sua maioria civis.




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Como já tinha sido antecipado pela Casa Branca, o presidente se comprometeu a lutar por um mundo livre de armas nucleares, mas não apresentou nenhum pedido de desculpas pelas consequências geradas pelo ataque das tropas dos EUA. O ato foi assistido por cerca de cem pessoas, dentre elas autoridades locais de Hiroshima e Nagasaki, a segunda cidade vítima da bomba atômica, além do ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida, e da embaixadora dos EUA no país, Caroline Kennedy.


O Parque da Paz permaneceu fechado ao longo desta sexta-feira por motivo de segurança, razão pela qual a população de Hiroshima, onde se espalharam 4.600 policiais nos últimos dias, não pode participar diretamente do evento.


A visita de Obama foi recebida com bastante entusiasmo na cidade, sobretudo por parte dos sobreviventes, que pediam por isso havia muito tempo e que a veem como um passo importante em direção à abolição dos arsenais nucleares.


Obama fala nesta sexta-feira ante tropas norte-americanas e japonesas em Iwakuni, cerca de Hiroshima (Japão). JIM WATSONAFP


Visitas de Kerry e de Carter foram feitas quando eles já não estavam na Presidência


Em abril passado, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, participou de uma cerimônia no Parque da Paz ao lado dos demais ministros das Relações Exteriores do G7, depois de uma reunião na cidade da qual saiu uma declaração que pedia avanços no sentido de se realizar uma revisão do Tratado de Não Proliferação em 2020.


Embora Obama seja o primeiro presidente no cargo a visitar Hiroshima, o democrata Jimmy Carter o fez como ex-presidente em 1984, enquanto o republicano Richard Nixon esteve ali em 1964, quatro anos antes de se tornar presidente dos EUA.


Três dias depois do ataque a Hiroshima de 6 de agosto de 1945, os EUA lançaram uma segunda bomba nuclear sobre a cidade de Nagasaki, onde morreram cerca de 74.000 pessoas. Seis dias depois, o Japão se rendeu, colocando um ponto final na II Guerra Mundial.


El País

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