'Não dói o útero e sim a alma', diz menina estuprada por 33 homens no Rio


A adolescente de 16 anos que foi vítima de um estupro coletivo em uma comunidade da Zona Oeste do Rio voltou a fazer um desabafo nas redes sociais. Diante de tantas mensagens de apoio e solidariedade, a jovem acrescentou a mensagem: "Todas podemos um dia passa e por isso .. Não, não doi o útero e sim a alma por existirem pessoas cruéis sendo impunes !! Obrigada ao apoio", disse a menina, que na manhã desta sexta (27) também aderiu à campanha na rede social pelo "fim da cultura do estupro".


Na noite desta quinta (26), ela já havia feito um agradecimento na internet. “Venho comunicar que roubaram meu telefone e obrigada pelo apoio de todos. Realmente pensei que seria julgada mal”. De acordo com relatos da vítima, 33 homens armados teriam participado do crime.




[caption id="attachment_39928" align="alignleft" width="300"]'Não dói o útero e sim a alma', diz menina estuprada por 33 homens no Rio Lucas (à esquerda) e Raphael (à direita) - (Foto: Reprodução / TV Globo)[/caption]

A polícia já pediu a prisão de quatro homens. Um deles é Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, com quem a adolescente tinha um relacionamento, Marcelo Miranda da Cruz Correa, de 18 anos, Michel Brazil da Silva, de 20, e Raphael Assis Duarte Belo, de 41. Segundo a família da menina, o rapaz que a menina conheceu na escola e com o qual ela já havia tido um relacionamento, teria agido premeditadamente.


“Um deles é namorado dela, tinha sido namorado dela, que ela conheceu na escola. E isso foi uma vingança dele. Ele fez isso com ela e chamou mais 30 para fazer o mesmo. O pai dela nem aguenta falar que chora muito. Um ser humano que é capaz de fazer isso com uma menina de 16 anos só, cheia de sonho, né? E eles fazem isso. A família está assim, sem palavras”, lamentou.


A polícia pede que qualquer pessoa que tenha informações sobre um dos suspeitos de participação nesse crime entre em contato com o Dique-Denúncia através do telefone 2253-1177.


A família da adolescente disse que a família ainda se sentiu aliviada pela vida da garota ter sido poupada. “Esse agente comunitário que veio trazê-la [para casa] eu acho que ele foi uma pessoa que salvou a vida dela, porque eles iriam matá-la. Porque é isso que eles fazem, né. Não é normalmente a história que a gente conhece? Eles estupram e matam”, disse a parente da adolescente.


A polícia já identificou pelo menos quatro homens envolvidos no crime. A adolescente de 16 anos foi estuprada no sábado (21) numa comunidade da Zona Oeste. Em depoimento à polícia, ela disse que foi até a casa de um rapaz com quem se relacionava há três anos. Ela se lembra de estar a sós na casa dele e só se lembra que acordou no domingo, em uma outra casa, na mesma comunidade, com 33 homens armados com fuzis e pistolas. Ela destacou que estava dopada e nua.


A garota retornou para casa na terça-feira (24). “Ela chegou descalça, descabelada, com aspecto de que tinha se drogado muito e com uma roupa masculina toda rasgada. Provavelmente eles deixaram ela nua e ela vestiu aquilo pra vir em casa”, contou a parente. A família teria questionado a menina o que havia acontecido, mas ela não revelou nada.


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Ainda na terça-feira, segundo contou a pessoa da família, menina teria voltado à comunidade para tentar reaver seu celular, que foi roubado. Um agente comunitário foi quem a acolheu, ao perceber como ela estava, e a conduziu para junto da família novamente.


A família só soube do estupro na quarta-feira (25), quando fotos e vídeos exibindo a adolescente nua, desacordada e ferida estava sendo compartilhado na internet pelos agressores, que ironizam o próprio crime.


“Eu a mãe, a gente chora quando vê o vídeo. O pai dela não aguenta falar que chora muito. Nosso sentimento é de tristeza, de indignação, estamos estarrecidos de ver até que ponto chega a maldade humana, né. A família está, assim, sem palavras, consternada”, desabafou a avó da garota. A ouvidoria do Ministério Público recebeu mais de 800 denúncias sobre esse caso.


Nesta quinta-feira (26) a adolescente foi ao médico e tomou um coquetel para evitar doenças sexualmente transmissíveis. A Secretaria Municipal de Saúde disse que ela vai ter acompanhamento psicológico.


A OAB do RJ disse, em uma nota de repúdio, que um ato repulsivo como este nos mostra que precisamos combater diariamente a cultura do machismo. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal divulgou uma nota pedindo rapidez e rigor na identificação de todos os envolvidos.


G1

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