Jogar contra o Paraguai virou um grande desafio nos últimos 13 anos para a seleção brasileira. O tradicional rival tem um retrospecto superior nesse período e foi carrasco nas duas últimas Copas América, responsável por crises e questionamentos ao técnico da equipe. Este é também o cenário que Dunga e seus comandados vão encontrar nesta terça-feira, em Assunção, às 21h45 (de Brasília), pelas eliminatórias da Copa do Mundo.
A equipe entrará em campo pressionada pelo empate contra o Uruguai (2 a 2), na Arena Pernambuco, na última sexta-feira. A seleção fez um bom primeiro tempo e chegou a estar vencendo por 2 a 0. Sofreu o empate no segundo tempo com péssima atuação. Nos minutos finais, o goleiro Alisson evitou a virada uruguaia com uma defesa milagrosa.
O resultado praticamente obriga a seleção nacional a buscar a vitória no Paraguai para alcançar a meta da comissão técnica: somar quatro pontos ao final de duas rodadas das eliminatórias. Pode parecer pouco, mas o prejuízo na conta da equipe pode ser grande.
Uma derrota para o Paraguai combinada com vitória da Argentina sobre a Bolívia, da Colômbia contra o Equador e do Chile contra a Venezuela vão derrubar o Brasil para a sétima colocação nas eliminatórias, ou seja, fora da zona de classificação ao Mundial, algo inédito no formato atual da competição (pontos corridos, adotado após a Copa de 1994).
Mesmo um empate, resultado que em outro contexto poderia ser considerado excelente, já pode derrubar o Brasil para a sexta colocação, fora da zona de classificação à Copa.
Hoje, o Brasil é o terceiro colocado, com oito pontos. Paraguai e Argentina vêm logo em seguida, com a mesma pontuação, mas levam desvantagem no saldo de gols. Chile e Colômbia estão na sexta e sétima colocação, pela ordem, com sete pontos.
Sites de apostam tinham o Paraguai como principal escolha, seguido por empate. O Brasil era a última escolha, fruto talvez da descrença com a seleção.
Por isso um revés deve complicar a situação do técnico Dunga. A CBF diz que o cargo dele não está em discussão, mas há pressão da torcida contra ele. E o gaúcho é cobrado sim para dar resultados positivos mais rápidos - está desde agosto de 2014 no cargo.
Além disso, se a seleção realmente terminar a sexta rodada das eliminatórias fora da zona de classificação, vão ser cinco meses de pressão. As duas próximas rodadas da competição só serão disputadas no final de agosto e o Brasil terá jogos complicados: Equador, fora de casa, e Colômbia, em casa - locais ainda indefinidos.
Durante esses cinco meses, a equipe nacional jogará duas competições. A Copa América do Centenário, nos Estados Unidos, em junho, e os Jogos Olímpicos do Rio, em agosto, com uma equipe com jogadores de até 23 anos.
"O adversário é complicado e joga na casa dele. Nosso planejamento é sempre o mais otimista possível. Não prevemos derrotas, não prevemos terminar a rodada em sétimo. A conta que eu faço é somar pontos em todos os jogos", disse Dunga sobre o confronto.
CARRASCO PARAGUAIO
Em outros tempos, qualquer torcedor estranharia o termo, mas a verdade é que o Paraguai transformou-se mesmo em um carrasco para os brasileiros nos últimos 13 anos.
O marco foi em 21 de agosto de 2002, em Fortaleza. Naquela data, a seleção brasileira se apresentou no Castelão no primeiro compromisso após a conquista do pentacampeonato. Vinte um dos 23 campões mundiais estiveram em campo.
O Paraguai, contudo, não entrou no clima de festa e venceu o confronto por 1 a 0, gol de Nelson Cuevas, para infelicidade do técnico Luiz Felipe Scolari.
Contando esse jogo, foram disputadas de lá para cá nove partidas entre Brasil e Paraguai, com três triunfos paraguaios, dois brasileiros e quatro empates.
O Paraguai levou a melhor na Copa América de 2004, no Peru. Ainda pela fase de grupos venceu por 2 a 1, gols de Bareiro e Ferreira (Luisão fez o gol canarinho). Mas a equipe comandada por Carlos Alberto Parreira foi campeão daquele torneio.
A terceira vitória paraguaia ocorreu nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. Triunfo por 2 a 0, gols de Roque Santa Cruz e Cabañas, em Assunção.
Dos quatro empates, dois foram bastante dolorosos para os brasileiros. Nas quartas de final da Copa América de 2011, na Argentina, os paraguaios venceram por 2 a 0 nos pênaltis (o Brasil perdeu quatro penalides) e avançaram a semifinal.
Já no torneio sul-americano do ano passado, no Chile, a vitória também foi nos pênaltis e na mesma fase, mas por 4 a 3. Douglas Costa foi quem perdeu a penalidade brasileira.
As vitórias da seleção nacional ocorreram em 2005 (4 a 1), em Porto Alegre, e em 2009 (2 a 1), em Assunção, ambas pelas eliminatórias para as Copas do Mundo de 2006 e 2010, respectivamente.
MUDANÇAS
A seleção brasileira não terá dois titulares na última partida para encarar o Paraguai. Neymar e David Luiz estão suspensos por segundo cartão amarelo. Na zaga, é possível que Gil jogue no lugar de David Luiz. Marquinhos também estava na briga, mas o treinador optou pelo ex-jogador do Corinthians (hoje do Shandong Luneng) na atividade.
Na vaga de Neymar, Ricardo Oliveira treinou no último domingo como titular. Já a atividade desta segunda-feira foi fechada para os jornalistas e pode haver mudanças.
Na entrevista coletiva, Dunga admitiu que pode reforçar mais o meio de campo. Neste caso, ele poderia optar por Hulk ou Jonas, que são atacantes que ajudam na marcação e atuam fora da área, como Neymar estava fazendo, ou por Lucas Lima ou Oscar, que são meias, mas podem ajudar muito mais na marcação, além de serem bons em assistências.
FICHA TÉCNICA
PARAGUAI X BRASIL
ELIMINATÓRIAS PARA A COPA DO MUNDO DE 2018
Data: terça-feira, 29 de junho de 2018
Horário: 21h45 (de Brasília)
Local: Estádio Defensores del Chaco, em Assunção, Paraguai
Árbitro: Wilmar Alexander Roldán Pérez (Colômbia)
Assistentes: Alexander Guzmán Bonilla e Cristian De la Cruz Achicanoy (ambos da Colômbia)
PARAGUAI: Villar; Gómez, Paulo da Silva, Aguilar e Samudio; Ortigoza, Ortiz, Oscar Romero, Iturbe; Lescano e Roque Santa Cruz. Técnico: Ramón Díaz.
BRASIL: Alisson; Daniel Alves, Miranda, Gil e Filipe Luís; Luiz Gustavo, Fernandinho e Renato Augusto; Willian, Ricardo Oliveira e Douglas Costa. Técnico: Dunga.
Fotos: Rafael Ribeiro / CBF
Postar um comentário