Pilotos de avião, comissários e agentes em terra fizeram uma paralisação parcial na manhã desta quarta-feira, 3, em 12 aeroportos brasileiros. A estimativa dos sindicalistas é de que ao menos 200 voos tenham sido paralisados no período. As empresas aéreas informaram que ações de contingência foram adotadas para minimizar o impacto na operação aérea e manter a normalidade do sistema.
O protesto se iniciou às 6 horas e se encerrou por volta das 8 horas. Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), 70 voos foram cancelados e 103 atrasaram, de um total de 405. Congonhas foi o aeroporto mais afetado, onde, das 35 partidas previstas, 17 foram canceladas, além de 11 atrasos.
A paralisação atingiu os Aeroportos de Congonhas e Cumbica, em São Paulo, Santos Dumont e Galeão, no Rio de Janeiro, Viracopos, em Campinas, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza.No Aeroporto de Congonhas, há filas de passageiros com os voos cancelados desde o início da manhã. A reclamação geral é a de falta de informações.
Prejudicados
"Estou nervoso. Não consegui despachar as malas, usar o banheiro, nada. Não consigo remarcar o meu voo", contou o diretor de pós-graduação Rafael Ramos, de 36 anos. Ele tinha voo marcado às 7h25 para Porto Alegre e não conseguiu remarcá-lo. "É um protesto ridículo. Muita gente está sendo prejudicada."
Já o administrador Fernando Souza, de 50 anos, disse que precisou desmarcar uma reunião importante na empresa que ocorreria às 10 horas, em Porto Alegre. "Ainda não tive nenhuma informação. Desde ontem (terça-feira, 2) o aplicativo nem faz check-in", disse ele, que viajaria no voo das 7h25 da empresa TAM. A companhia informou, em nota, que fará o reembolso de voos cancelados, bem como poderá remarcá-los caso o passageiro solicite.
O técnico em Eletrônica Daniel Oliveira, de 30 anos, conseguiu remarcar o voo a Curitiba para às 8h30, mas teme que este seja cancelado. "Eu sairia no das 6h40, mas por enquanto tudo bem. Mas, se esse outro não sair, serei prejudicado", disse.
O secretário Adolfo Bertoch, de 53 anos, disse que corre risco de ser punido judicialmente por não comparecer a uma audiência no Fórum Trabalhista do Rio de Janeiro, que estava marcada para às 10 horas. "Iria como testemunha em um processo, mas não vou conseguir chegar", disse ele, que até as 7 horas não tinha conseguido remarcar um voo programado para as 6h30.
No Rio, a greve provocou atraso de praticamente todos os voos domésticos do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, o Galeão, na zona norte do Rio. Dos seis voos programados das 6 horas até as 7h20, quatro estavam atrasados. Um foi um cancelado até as 7h10. Apenas um decolou no horário previsto.
A adesão de aeronautas ao movimento foi mais forte na TAM. Cerca de 50 funcionários, entre pilotos e comissários de bordo, concentraram-se no embarque do Terminal 2. Eles carregavam placas em português e inglês com a frase "Nossa segurança também é a sua".
Já os aeroviários (pessoal de terra), concentraram-se no Terminal 1. De acordo com o sindicato da categoria, a mobilização dos funcionários foi mais intensa nas partes internas do aeroporto, atrasando o carregamento das malas para aeronaves. O objetivo da entidade é que todos os voos programados para esta quarta-feira atrasem com a mobilização desta manhã.
Paralisação
O Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) reivindica 11% de reajuste, que se refere à reposição da inflação no período de 1º de dezembro de 2014 a 1º de dezembro de 2015. Como as empresas aéreas ofereceram reajuste parcelado (3% em fevereiro de 2016, 2% em junho e 6% em novembro) e não retroativo, a categoria decidiu realizar a paralisação.
Na terça-feira, 2, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) havia determinado que os sindicatos mantivessem um efetivo mínimo de 80% dos funcionários para evitar transtornos para os passageiros.
"Nós já flexibilizamos nossa proposta em assembleia, e baixando a reivindicação de aumento de 12% para 11%", disse o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac-CUT), Sérgio Dias. "A gente entende que esse é o mínimo aceitável, tendo como base o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)."
Até o momento, não há nenhuma nova reunião marcada entre os sindicatos e as empresas. "Estamos com a expectativa de que as empresas vão se manifestar agora, com essa paralisação", afirmou.
De acordo com o secretário-geral do SNA, Rodrigo Spader, a categoria fará uma assembleia às 10 horas em todos os aeroportos para definir se mantém as paralisações nos próximos dias. "É uma medida muito justa. Não queremos aumento, só a reposição da inflação", disse.
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