Por causa do incêndio que atingiu a região da Chapada Diamantina na quinta-feira (12), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) tem recomendado que os turistas evitem a trilha dos Lençóis Pai Inácio, na localidade de Barro Branco. De acordo com o chefe substituto do ICMBio, César Gonçalves, o fogo está chegando na região dessa trilha, que é muito usada por ciclistas.
O fogo começou por volta do meio dia, na região do balneário do Rio Mucugezinho, no município de Lençóis. Além disso, parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Marimbus/Araquara também foi atingida. Segundo informações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o fogo se propagou rapidamente.
Cerca de 50 brigadistas, entre voluntários e contratados, e oficiais do Corpo de Bombeiros de Lençóis estão atuando no combate ao fogo. Uma base foi montada próximo ao local do incêndio para facilitar a ação dos brigadistas. O ICMBio aponta o sol e a alta temperatura, além da ventania, como fatores que tem aumentando a extensão do fogo.
Conforme informações do presidente da Brigada Resgate Ambiental de Lençóis (BRAL), Jânio Souza Rocha, o fogo está se encaminhando para o Morro do Pai Inácio e para o balneário das Águas Claras, mas ainda está longe das duas localidades. O brigadista conta ainda que a população tem auxiliado nos trabalhos. "A gente tem o equipamento necessário de combate. O problema maior era o transporte, mas os moradores estão vindo e ajudando como podem, inclusive doando comida e água para os brigadistas", afirma.
Para César Gonçalves, os incêndios estão sendo causados por ação humana. "Os focos naturais de incêndio são causados por raios, como a região está muito seca, esse raios não podem ser a causa do incêndio", explica.
Coordenadora de fiscalização preventiva do Inema e perita em incêndios florestais, Fabíola Cotrim que apesar dos incêndios estarem acontecendo em área federal, o programa Bahia Sem Fogo tem prestado apoio ao combatentes, inclusive com 48 bombeiros, além de mais uma aeronave para o transporte dos brigadistas até as áreas de difícil acesso. Agora, são dois aviões Air Tractor, dois helicópteros, viaturas tracionadas (4×4).
Ainda na quinta-feira (12), o secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, sobrevoou a área afetada para ter uma noção das proporções do incêndio. Na ocasião, ele também se reuniu com a equipe de combate aos incêndios do Programa Bahia Sem Fogo e autorizou o reforço do apoio do programa no combate às chamas.
Cotrim, que também é perita em incêndios florestais, contou que há quatro peritos na região que vão investigar as causas dos focos de fogo. "Queremos dar uma resposta a sociedade sobre o incêndio", afirma.
Campo de São João
Outro foco de incêndio nas proximidades da localidade de Campo de São João, no município de Palmeiras. Segundo o chefe substituto do ICMBio, César Gonçalves, a fumaça do incêndio já está chegando na sede do município de Palmeiras, localizada a cerca de 20 quilômetros de onde as chamas estão.
Ainda segundo Gonçalves, apesar de próximo a localidade de Campo de São João, há um caminhão pipa no local que está impedindo o fogo de avançar em direção ao Morro das Três Irmãs, Morro do Pai Inácio e de chegar às casas de Campo de São João. Nâo há informações da extensão do incêndio.
Brigadistas reclamam de falta de apoio
Os brigadistas da Associação de Guias e Brigada Voluntária do Vale do Capão, na Chapada Diamantina, ainda não conseguiram debelar o incêndio florestar no Morro Branco, que fica dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina, que já dura 21 dias. De acordo com a Associação, o fogo está grande na região.
Segundo o brigadista Leonardo Bonfim, há cerca de 10 dias as chamas tomaram uma proporção maior. Entretanto, a associação aponta uma série de dificuldades na luta contra os focos de fogo. "Umas 25 a 30 pessoas estão se desgastando bastante porque não temos um número suficiente de pessoas para debelar o incêndio", conta o brigadista.
O incêndio acontece em cima do Morro Branco, que pertence a Serra da Larguinha, área do município baiano de Palmeiras. Segundo a Associação, o fogo voltou hoje a ameaçar a descer o morro, chegando na área habitada do Capão. "A situação está muito feia. O fogo está queimando a nascente do rio Capivara e descendo em direção às casas no Capão", disse o brigadista voluntário Thyago Rigoni.
Insatisfeito com o apoio do Bahia Sem Fogo na luta contra o incêndio florestal de Morro Branco do Capão, Thyago desabafa que "o Estado não dá uma resposta necessária. Eles forneceram hoje um helicóptero para levar alguns brigadistas para o foco do incêndio, mas a brigada voluntária não está dando conta de controlar as chamas". "A gente está com cerca de 15 voluntários trabalhando e sem qualquer perspectiva de acabar com o incêndio", afirma.
O brigadista explica que o fogo está se aproximando de uma área de mata primária, que nunca foi queimada, o que pode dar mais força ao incêndio. "Ele está chegando em uma zona de últimos redutos de mata, local que só pesquisador pode ir, se ele chegar até ela vai queimar uma região que nunca antes foi queimada aqui no Parque", conclui o brigadista.
Em resposta às reclamações dos brigadistas, a assessoria da Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia (Sema) informou que o programa Bahia Sem Fogo apenas presta apoio quando o ICMBio solicita apoio ao Estado. Já a coordenadora de fiscalização preventiva do Inema, Fabíola Cotrim, explica que os o programa já atuou na região com aviões que fizeram o monitoramento da área e lançamento de água, além de ter auxiliado no transporte de brigadistas nesta sexta-feira.
Proibição de queimadas
Por conta dos constantes incêndios florestais na região Oeste e na Chapada Diamantina, o Governo do Estado suspendeu a Declaração de Queima Controlada (DQC), no último dia 2 de outubro, proibindo qualquer tipo de queimada no estado da Bahia.
A portaria que proibia a queima saiu um dia depois do governo estadual declarar estado de emergência a 51 municípios por conta de incêndios florestais. "A medida servia para toda Bahia para impedir que novos incêndios ocorressem", esclarece Fabíola Cotrim.
Doações
Para auxiliar na luta contra os focos de incêndio, O Parque Nacional da Chapada Diamantina está aceitando doações de lanternas de cabeça, coturnos e pilhas. Quem quiser ajudar, pode se dirigir com o material a ser doado para a sede do Parque, no município de Palmeiras.
A Brigada Resgate Ambiental de Lençóis também está aceitando doação daqueles que querem, de alguma forma, colaborar com o fim do incêndio. Basta se dirigir a sede da brigada, localizada ao lado da rodoviária de Lençóis. Eles estão arrecadando, principalmente, comida e água para os brigadistas.
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