Os ataques realizados pela Rússia e pela França na Síria mataram 33 jihadistas nos últimos três dias. O balanço foi divulgado na quarta-feira (18)pelo Observatório Sírios dos Direitos Humanos, após mais uma madrugada de intensos bombardeios da força aérea francesa sobre a cidade de Raqqa, considerada a capital síria do grupo Estado Islâmico.
Na noite de terça-feira, os russos também lançaram uma sequência de ataques. Essa foi a primeira vez que o Kremlin notificou os Estados Unidos antes de realizar uma operação, o que foi visto com bons olhos por Washington. Barack Obama elogiou nesta quarta-feira o papel da Rússia nas negociações visando acabar com o conflito na Síria, e defendeu o acolhimento de refugiados sírios no território americano. Obama disse em Manila, onde assiste à cúpula anual da APEC, que a Rússia tem sido "um sócio construtivo" apesar de divergências sobre o futuro do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Para Moscou, é "inaceitável" exigir a saída de Bashar al-Assad como "condição prévia a qualquer coalizão antiterrorista". Em coletiva de imprensa concedida nesta quarta-feira, o chanceler Serguei Lavrov, disse esperar "uma mudança na posição dos parceiros ocidentais" diante de um cenário que "já mudou, sob o custo dos terríveis atos terroristas" da última sexta-feira, em Paris. Para ele, "é preciso abandonar a ideia de que a verdadeira luta contra a organização Estado Islâmico e seus afiliados só pode acontecer depois que o destino de al-Assad for decidido".
Lavrov acusou Washington de continuar a "exigir energicamente" a saída do presidente sírio. O presidente americano, Barack Obama, retorquiu que a estratégia russa na Síria esconde uma armadilha, já que o principal interesse de Moscou é a "manutenção de Bashar al-Assad no poder". Nesta quarta-feira, o presidente Vladimir Putin anunciou uma intensificação dos bombardeios russos na Síria e assinou um decreto instaurando uma comissão de luta contra o financiamento do terrorismo.
Cooperação entre EUA e Turquia
Os Estados Unidos também prometeram, ao lado da Turquia, reforçar suas operações contra o grupo Estado Islâmico no norte da Síria. O anúncio foi feito em Ancara pelo chefe da diplomacia turca. De acordo Feridun Sinrliouglu, os dois países afinaram um plano para "acabar com o controle que o Daesh (sigla em árabe para designar o grupo jihadista)ainda exerce sobre nossa zona fronteiriça". Assim que os planos estiverem prontos, as operações continuarão com cada vez mais intensidade.
Na terça-feira, o secretário de Estado americano John Kerry havia indicado que os Estados Unidos e a Turquia lançariam uma operação para "fechar" completamente a fronteira setentrional da Síria, por onde a organização recebe armas, novos recrutas e trafica petróleo. De acordo com o diplomata, 75% da zona limítrofe já está bloqueada e a operação com os turcos deve fechar os 98 km restantes.
Vale lembrar que a Turquia sempre relutou em enfrentar o grupo Estado Islâmico. Mesmo depois do atentado que matou 32 militantes pró-curdos em Suruç, em julho, e que foi atribuído à organização jihadista, o governo de Recep Tayyip Erdogan lançou uma guerra total contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, mas atacou apenas ocasionalmente o grupo Estado Islâmico.
Antes mesmo de Suruç, a oposição acusava o presidente de colaborar deliberadamente com os jihadistas e uma matéria publicada pelo diário inglês The Guardian apontou a Turquia como o principal destino do petróleo contrabandeado pelos terroristas.
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