Subiu para 128 o número de mortos no atentado ocorrido no sábado (10) durante uma passeata a favor da paz convocada por grupos de esquerda e sindicatos em Ancara, capital para Turquia, de acordo com o colíder do Partido Democrático dos Povos (HDP), Selahattin Demirtas, em discurso realizado neste domingo (11) em homenagem às vítimas, antes de a polícia dispersar com gás lacrimogêneo e golpes de cassetete a multidão que participavam do ato.
Tudo indica que dois suicidas detonaram duas bombas no meio da multidão, que tinha se reunido perto da Estação Central de Trens da capital turca. O primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, afirmou que "há nítidas indicações" nesse sentido, embora não tenha querido atribuir a responsabilidade do fato a uma organização específica. As bombas explodiram às 10h04 (horário local, 4h04 em Brasília).
Neste domingo, as forças de segurança turcas ergueram barricadas em todas as ruas que levam à praça de Ancara, onde ocorreu o atentado mais sangrento da história do país, informou a imprensa local. Os agentes não permitiram a passagem de delegações de vários partidos políticos e organizações civis que pretendiam homenagear às vítimas.
Uma nota divulgada pelo partido da esquerda pró-curda, a quarta força do parlamento turco, diz que já foram identificados 120 corpos, faltando outros oito. Já os números oficiais do governo, atualizados na noite de ontem, indicam 95 mortes.
Dois candidatos a deputado nas próximas eleições da Turquia, marcadas para ocorrer no próximo dia 1º de novembro, foram vítimas das explosões de ontem em Ancara, afirmou o HDP. Já o partido social-democrata CHP, o maior da oposição, informou que 11 membros de sua organização juvenil morreram no massacre.
O governo da Turquia, por sua vez, atualizou hoje os números de feridos em comunicado divulgado pelo escritório do primeiro-ministro: 160 pessoas ainda estão nos hospitais, 65 em unidades de tratamento intensivo. No total, 508 pessoas deram entrada nos hospitais após a tragédia, e 317 delas já receberam alta, acrescenta o comunicado, que não atualizou o número de mortos.
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Apesar de o governo ter condenado o atentado, o massacre reacendeu as tensões entre os setores da esquerda e o partido islamita AKP, no poder desde 2002, a três semanas das eleições gerais antecipadas no país.
A declaração do primeiro-ministro interino, Ahmet Davotuglu, ao declarar três dias de luto "a todas as vítimas do terrorismo", entre eles soldados e policiais mortos em ataques da guerrilha curda, contribuiu para ampliar a sensação que, inclusive em momentos trágicos, o governo tenta obter os votos nacionalistas.
"Aqueles que fizeram isso com a mentalidade de que o 'Estado é nosso' vão pagar por isso. Não queremos ações de vingança. O primeiro passo será no dia 1º de novembro", disse o colíder do HDP, Selahattin Demirtas, durante a cerimônia no local do atentado, citando a data das eleições.
Ninguém reivindicou a autoria do atentado, mas, segundo o jornal "Hürriyet", a polícia já identificou os restos mortais dos dois autores do ataque. Eles usaram bombas com TNT, que continham bolas de aço para conseguir um efeito mais mortífero.
A mesma estratégia foi usada no ataque suicida que deixou 34 mortos em uma assembleia de ativistas pró-curdos em Suruç, que, conforme as investigações, foi realizado por um jovem turco islamita treinado pelo Estado Islâmico (EI).
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