[dropcap]M[/dropcap]esmo sem nenhuma venda significativa, o Flamengo conseguiu em 2014 o maior lucro da história do futebol brasileiro. Segundo balanço financeiro divulgado nesta semana, o clube teve um superávit de R$ 64,311 milhões na última temporada e deixou para trás o Santos, que carregava a marca até então. O time da Vila Belmiro fechou 2005 com um faturamento de R$ 63,167 milhões impulsionado por seus ‘meninos'.
Esse é um detalhe que evidencia ainda mais a façanha rubro-negra. Com a transferência de Robinho para o Real Madrid e de Léo para o Benfica, dentre outros, o alvinegro praiano faturou R$ 93,577 milhões somente com a negociação de direitos federativos de seus jogadores.
A cifra foi responsável por 69,1% de toda a sua arrecadação naquele ano. Para finalmente virar uma ‘máquina de fazer dinheiro', o Flamengo se apoiou em outras receitas. Foram apenas R$ 19,7 milhões com transações de atletas - sendo que uma fatia considerável desses recursos ainda não entrou em caixa devido ao ‘calote' do Al Nassr na saída de Hernane.
O vice-presidente de finanças Rodrigo Tostes conta com futuras vendas para melhorar ainda mais a sua situação. "Precisamos disso para que possamos fazer um investimento ainda maior, sempre surge uma outra oportunidade, mas não se concretiza. O Rodrigo Caetano (diretor executivo de futebol) trabalha nisso diariamente. Ele sabe que é importante vendermos para melhorarmos a nossa situação", afirma Tostes ao ESPN.com.br.
Os prejuízos recorrentes ficaram para trás no Flamengo: em 2012, foram R$ 62,452 milhões de déficit, por exemplo.
Nesse processo, mesmo sempre mencionada, a dependência em relação às cotas de TV vem sendo reduzida a cada temporada.
Os R$ 115 milhões de direitos de transmissão que enchem seus cofres correspondem atualmente a 33% de todas as suas receitas. Logo em seguida, surgem os R$ 79,946 milhões em patrocínios - fruto de seu primeiro ano com máster e ainda anúncio nas mangas. Por fim, a contribuição da massa: foram R$ 40 milhões com bilheteria e R$ 30,375 milhões com o programa de sócio-torcedor.
Com uma dívida líquida de R$ 698 milhões, o Flamengo não se dá por satisfeito e ressalta que a situação ainda não é totalmente tranquila.
"Não mesmo. Por isso, temos que manter essa política financeira. Não podemos passar a sensação de que o problema está resolvido. Podemos dizer que tiramos o doente da UTI, mas ele segue dentro do hospital", analisa o vice de finanças Rodrigo Tostes, que discorda que a ‘libertação' do clube virá somente em 2018, ao fim do pagamento dos empréstimos bancários.
"Não acredito nisso de que você não pode fazer futebol com dívidas. Desde que assumimos, tivemos um aumento exponencial de arrecadação de mais de 80%. Nossa despesa, por outro lado, segue igual, não deixamos de gastar. A gente aposta basicamente no seguinte: em construir uma instituição forte; um clube forte também no futebol; e desenvolver um trabalho de credibilidade explorando todo potencial que temos", conclui.
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