[dropcap]P[/dropcap]rocurado pela Polícia Civil da Bahia e considerado um dos maiores assaltantes de bancos do estado, Jairo Macedo Souza, 27 anos, vive no mundo do crime com um advogado à disposição para garantir que sejam curtas suas estadias nas unidades prisionais por onde passa.


Certeza da impunidade e ganhos acima de R$ 50 mil motivam assaltante de banco; veja entrevista


Em entrevista ao repórter Aldo Matos, do programa Acorda Cidade e Nas Ruas e Na Polícia, ambos na Rádio Sociedade de Feira, o acusado de assalto conversou sobre os bastidores da vida de um assaltante de instituições financeiras.


Ele disse que sozinho leva cerca de R$ 50 mil ou mais e investe o dinheiro em imóveis. Apesar do dinheiro, não consegue levar uma vida tranquila. Não pode ficar muito tempo em um lugar e quando perguntam onde está ele sempre mente, por medo de os próprios comparsas o matarem e pegarem o dinheiro. Eles só se encontram na hora da ação.


Já passou pelos presídios de Feira de Santana e Salvador e disse que em menos de oito ou dez meses ganha liberdade. Ele disse que prefere o presídio de Salvador porque a saída é mais rápida e pede transferência ao advogado.


Questionando sobre entrar em confronto com policiais, Jairo disse que se for preciso atira. “Depende do momento. Se der para morrer, não vou morrer; se der para meter mão, meto; se não der, vou me render e vou preso, pago e saio. E se for para meter bala, fazer o quê?”, questionou.


O acusado diz que sempre obtém êxito nos assaltos aos bancos e que estuda para isso. Ele disse também que quando é preso após o roubo paga em média R$ 120 mil reais para o advogado defendê-lo.


Jairo afirma que não tenta fugir do presídio, uma vez que sua estadia é curta e que enquanto fica preso o dinheiro fica na conta. “Não tem necessidade de fugir não, oito meses passam rápido. Para o que eu ganho, oito meses passam rápido.



A prisão


Ele foi preso na noite da última segunda-feira (6) após, segundo a polícia, tomar de assalto um veículo Hilux, na localidade Rocinha, no bairro Ponto Central, em Feira de Santana. Ele estava com o morador do conjunto George Américo Juliel Pereira dos Santos, 29 anos, quando praticou a ação e seguiu com o comparsa em direção a Conceição da Feira. Ao chegar a um posto de combustíveis para abastecer o carro, policiais os avistaram e desconfiados realizaram uma abordagem, prendendo-os em flagrante logo em seguida.


Ao tomar conhecimento da prisão da dupla, o delegado André Ribeiro, titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR/Feira), enviou uma equipe à cidade para trazê-los para Feira de Santana. Ao chegarem, os policiais descobriram que Jairo, que inicialmente informou um nome falso, é assaltante de banco, e reside em Salvador, no bairro Pirajá.


O comparsa Juliel segundo o delegado, já praticou vários assaltos em clínicas de Feira de Santana. Com eles a polícia apreendeu um revólver calibre 38 e uma pistola calibre 9 milímetros.



Entrevista


AC: Você cumpre quanto tempo para ganhar liberdade?
Jairo: Logo, logo eu boto advogado e estou na rua. Menos de oito meses, dez meses estou na rua. Imediato o advogado desce para Brasília, pede o habeas corpus e sai. Oito meses de cadeia, cinco meses e eu estou na rua de novo.
AC: A única maneira de você ter dinheiro é assaltando, não pode arrumar um emprego?
Jairo: E eu vou ganhar mil reais? Eu podendo ganhar 50 mil toda hora vou ganhar mil reais?
AC: Em um assalto a banco você pode ganhar 50 mil reais? Divide com alguém?
Jairo: 50 mil ou mais. [E esse valor] é só minha parte. Roubar banco para ganhar dez mil, vinte mil reais eu não vou não.Trocar tiro com polícia e tudo para ganhar dez mil, vinte mil? Não vou não.
AC: Se for preciso trocar tiro com a polícia você troca?
Jairo: Não, depende do momento. Se der para morrer, não vou morrer; se der para meter mão, meto; se não der, vou me render e vou preso, pago e saio. Se for para meter bala, fazer o quê?
AC: Você já tem advogado constituído, mas só paga o advogado quando não tem sucesso nesses assaltos a bancos, não é?
Jairo: Tenho advogado. Mas tem sucesso, não dá errado não, nós estudamos para isso.
AC: Paga uma média de quanto a um advogado para ganhar liberdade?
Jairo: 120 mil reais.
AC: E você tem esse dinheiro?
Jairo: Eu consigo.
AC: Em um mês você pratica quantos assaltos a banco quando dá certo?
Jairo: Aí não posso informar.
AC: Vamos dizer que você assalte três bancos em um mês. Cada parte pode render até 50 mil reais?
Jairo: Ou mais. Mas não dá para assaltar três bancos em um mês não.
AC: Dá para viver uma vida tranquila, estar em festas?
Jairo: Nunca, nunca, porque se eu ficar assim até meus parceiros me sequestram, tomam meu dinheiro e me matam. Aí eu tenho que estar sempre sozinho e nunca falar onde eu estou para ninguém.
AC: Ninguém sabe onde você anda?
Jairo: Ninguém sabe. Se eu estou em Salvador, falo que estou em Feira; se estou em Feira, falo que estou em Cruz das Almas, em São Paulo.
AC: Só se encontram na hora de agir?
Jairo: Isso.
AC: E você gasta esse dinheiro do assalto a banco com o quê?
Jairo: Deixo meu advogado pago e casa, terreno [em nome de outras pessoas].
AC: Você vai cumprir pena em Feira de Santana, Conceição da Feira ou Salvador?
Jairo: Vou pedir a meu advogado para me transferir para Salvador. É melhor.
AC: Pelo que observo, você não tem carteira de presídio, cumpre sua pena normal.
Jairo: Não tem necessidade, não, oito meses passam rápido. Para o que eu ganho, oito meses passam rápido.
AC: Enquanto isso, seu dinheiro fica na conta?
Jairo: É.


Fonte: Acorda Cidade

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