[dropcap]U[/dropcap]ma explosão que deixou ao menos 46 estudantes mortos no nordeste da Nigéria, nesta segunda-feira, 10, foi perpetrada por um homem-bomba disfarçado de aluno, suspeitam as autoridades locais. Ele também morreu no episódio.


Homem-bomba mata 46 em escola da Nigéria disfarçado de aluno


A polícia acredita que o grupo radical islâmico Boko Haram esteja por trás do ataque, ocorrido na cidade de Potiskum. Diversas escolas já foram alvejadas pelo grupo, cujo objetivos declarado é instalar um Estado islâmico no norte da Nigéria, no qual meninos recebam apenas educação religiosa e meninas sejam impedidas de frequentar as aulas.


O ataque também deixou 79 feridos, muitos em estado gravíssimo,e ocorreu no momento em que os jovens se reuniam no pátio da escola. Isso indica que o homem-bomba tentou matar o maior número possível de alunos. Um estudante disse à BBC que viu os corpos mutilados de seus colegas.


Soldados despachados ao local da tragédia foram recebidos a pedradas pela população local, que se queixa da insegurança e acusa as autoridades de terem fracassado no combate ao Boko Haram. "Meu irmão de 16 anos morreu na explosão", lamentou um parente. "O governo precisa ser mais sério na luta contra o Boko Haram, porque (a situação) está saindo de controle."


No nordeste da Nigéria, aldeias inteiras estão sob o controle dos jihadistas, e ataques se tornam cada vez mais comuns. Há relatos de que até os soldados do Exército estejam fugindo do combate com extremistas em algumas cidades.



Sequestro


Em abril, a aldeia de Chibok chamou a atenção do mundo após o sequestro de cerca de 200 garotas, levadas de uma escola pelo Boko Haram. O líder do grupo extremista, Abubakar Shekau, negou ter aceito um cessar-fogo proposto pelo governo nigeriano, que previa a libertação das jovens.


Shekau disse que as garotas foram convertidas ao islã, estão aprendendo a memorizar o Alcorão e foram forçadas a se casar. O Estado de Yobe, onde fica Potiskum, está sob estado de emergência por conta da ameaça extremista.


Na semana passada, Potiskum já havia sofrido um atentado a bomba em uma cerimônia xiita, com um saldo de 15 mortos. Autoridades não têm admitido a deterioração na crise no nordeste do país. O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, emitiu um comunicado de condolências às vítimas desta segunda-feira e dizendo que os responsáveis "serão levados à Justiça e pagarão por seus crimes atrozes".


As escolas da região foram temporariamente fechadas após a tragédia. "São necessárias ações urgentes (do governo federal) para restaurar a decrescente confiança do público (no sistema de segurança) e fazer o que for possível para conter a escalada de violência", disse o governador de Yobe.


BBC Brasil

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